segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Diário de Joseph Goebbels – Final


O Diário de Joseph Goebbels – Final

20 de agosto de 1941.
O Führer disse que posso deportar os judeus de Berlim tão logo acabe a campanha do leste.
Berlim há de estar livre de judeus. É escandaloso que 78.000 judeus, a maioria parasitas, possam caminhar com suas gorduras pela capital alemã do Reich. Não só destroem a imagem da cidade, a atmosfera também. As coisas mudarão para melhor quando portarem os distitivos.
Expulsá-los é a única maneira de resolver de vez o problema.
1 de setembro de 1941.
Veneza parece uma joia no meio do mar. É a cidade mais bonita que conheço. Estou alojado em um barco, o Cyprus, que está ancorado perto da Praça de São Marcos e oferece uma magnífica vista panorâmica da cidade. No barco pode-se ter alguma paz e tranquilidade. Ouve-se apenas o alvoroço e o balbucio da bienal.
Veneza está cheia de filmes de todas as partes do mundo.
Comemos em um palácio maravilhoso perto do Canal Grande. Isso é o que faz Veneza tão imponente. Gostaria muito de levar ao menos um desses magníficos palácios para a nossa fria e deserta capital. Quando se entra em um desses palácios, vê-se o vital que é reconstruir Berlim com o melhor estilo, para que ofereça vistas interessantes aos turistas dos séculos vindouros.
2 de setembro de 1941.
Excetuando Mussolini, os italianos não têm nenhum líder absoluto. Afirmam que são os mestres da improvisação, mas na maioria das vezes nos seus improvisos se saem mal. Organizar-se e preparar-se para algo metodicamente, não é seu forte.
Goebbels desembarcando na Itália
À tarde, para começar a contribuição italiana à bienal, projetou-se no novo filme romano “O Estádio de Ferro”. A estreia foi um fracasso. A filme é uma grande apologia cinematográfica muito pouco convincente. Não vale a pena nem comentá-la.
Os italianos tinham todas suas esperanças nessa estreia, mas seu próprio público estava decepcionado. Alegro-me porque essas experiências cinematográficas falidas já não aconteçam no cinema alemão. Tenho trabalhado incansavelmente para eliminar todas essas experiências. A falta de talento dos italianos neste campo nos beneficia.
A tarde acabou com uma grande recepção no Cinecittá. Com muita pompa e cerimônia. Mas para quê servem essas festas se os filmes são péssimos. O importante são os filmes, não as recepções.
Depois desse ato, dei um passeio pela cidade iluminada. Veneza possui uma beleza encantadora. Sobretudo quando não há luz artificial e suas torres e silhuetas oferecem uma vista mágica.
A guerra se é inevitável, é uma necessidade remota.
Esta cidade se manifesta mais persuasiva que nunca, que a guerra só pode ser um meio para conseguir um fim. Nunca um fim em si mesmo.
7 de setembro de 1941.
Vi uma filme do encontro entre Roosevelt e Churchill no Atlântico. Está miseravelmente feita. Não merecia nenhuma atenção. Este lixo é o que os ingleses chamam propaganda. Que superiores somos a nossos inimigos neste campo. Faz muito barulho, mas não dizem nada.
Imagem do filme propagandista mostrando o encontro entre Roosevelt e Churchill
16 de outubro de 1941.
Nos últimos dois anos nós conseguimos lucros cinematográficos de proporções inimagináveis anteriormente. Isso se deve, sobretudo a nosso êxito ao apresentar temas modernos de forma moderna.
A geração do novo cinema é medíocre. Dão uma impressão demasiadamente burguesa. Quase nenhum dos homens ou mulheres que elegemos triunfariam internacionalmente. Isto vai mudar. Se o cinema alemão quer conquistar o mundo, deve se utilizar de atores conhecidos.
Não penso relaxar até que progridamos neste campo.
19 de novembro de 1941.
Tenho lido “Sangue Suor e Lágrimas”, de Churcill. Uma compilação de seus discursos dos últimos dois anos. Demonstra uma inteligência inquietante e está muito bem escrito.
Tem um estilo claro, ainda que seu cinismo resulte surpreendente para nossa forma de pensar. Não se pode negar que Churchill é um adversário que impõe respeito. Não é tão estúpido como era Chamberlain.
30 de novembro de 1941.
O Führer não crê que devamos tomar as grandes cidades soviéticas. Não há nenhum benefício, e haveria de ter que alimentar muitas mulheres e crianças. O objetivo é não ocupar nem Moscou nem Lenigrado. Tem que destruí-las e lavrar a terra.
Soldado Alemão durante a Campanha contra a União Soviética
Creio que o modo com que o Führer dirige esta guerra é admirável. Nem lhe ocorre conquistar Moscou e fazer um desfile da vitória. O objetivo nesta guerra não é ganhar prêmios mas destruir o inimigo. Isso é o que importa. E estamos tentando com todas as nossas forças.
21 de dezembro de 1941.
Estou lendo um extenso informe dos últimos dias de novembro, escrito por um oficial no front do leste. Dá o que pensar. Ali andam muito carentes de tudo. Comida, gasolina, armas, munição, gente. O humor entre as tropas ainda é relativamente bom. Mas tem um sentimento vago de que algo vai mal. O pronunciamento do Führer terá, certamente, um efeito liberador.
Soldados alemães tentando desatolar caminhão durante a campanha no front leste
Nossa propaganda é exageradamente otimista; quero dizer que, muito contra a minha vontade parecia dar ideia de fato que a campanha do leste já havia sido ganha tenha sido recebida com grande desprezo.
O assessor de imprensa do Reich, Dr. Dietrich, não tem ideia de quanto dano está causando. Seu discurso foi desastroso. No momento em que falava, os soldados da frente estavam lutando suas mais duras batalhas e suportando grandes privações. É fácil imaginar o que os soldados pensam dessas mentiras patrióticas.
O que mais me dói é que o povo me faça em parte responsável, ainda não nada a ver e inclusive lute contra.
15 de fevereiro de 1943.
Pela tarde comecei a ditar meu discurso do Palácio de Esportes. À noite já estava acabado e corrigido. Creio que será muito positivo. Pode ser um de meus maiores louros como orador.  Necessitamos destes discursos para animá-los. É necessário dar um pouco de coragem aos alemães.
Oxalá pudesse-me multiplicar um milhão de vezes para poder conseguir um milhão a mais do que posso agora.
19 de fevereiro de 1943.
Ontem as 5 começou o esperado rali no Palácio de Esportes. Houve uma grande assistência. As portas fecharam às 16h30min.
Respirava-se um ambiente de histeria febril. Os berlinenses são a audiência mais atenta do Reich. Quase o total do conselho, grande número de diretores regionais e quase todas as secretarias de governo estavam presentes. Era uma amostra representativa de toda a população alemã.
“Os ingleses sustentam que o povo alemão se opõem aos planos de Guerra Total do governo. Os ingleses dizem que os alemães preferem capitular antes que lutar. Nunca!
Vocês querem a guerra total?
Se fosse necessário, apoiariam uma guerra mais total e radical do que hoje possam imaginar?
Pergunto-lhes, estão decididos a seguir o Führer, até levar a guerra a um vitorioso final, ainda que isso implique numa carga pessoal insuportável?”
Minha oratória estava em muito boa forma e levei a audiência a um estado de total mobilização espiritual. O Führer ordena, nós seguimos! O comício acabou com uma grande ovação. O Palácio de Esportes não havia visto nada parecido, nem sequer antes de 1933.
A nação alemã está preparada para sacrificar tudo pela guerra e por nossa vitória. Assegurar-me-ei que a guerra total não fique em pura teoria.
3 de março de 1943.
De caminho para Berlim inteirei-me que a cidade havia sido bombardeada durante a noite. No primeiro informe não se analisava o grande impacto do ataque. Saí imediatamente para a rua a fim de inspecionar os danos. Comecei pela Igreja de Sant Hedwig que estava feita em pedaços. O sacerdote me pediu outro local para realizar os serviços.
Garanti uma solução. Esses detalhes fomentam a amizade.
Goebbels Inspeciona a Igreja de Sant Hedwig completamente destruída pelo bombardeio aéreo
7 de maio de 1943.
Tenho um novo projeto: “Kolberg”. Este filme é o retrato de um homem valente e da determinação de uma comunidade a resistir ainda que a situação pareça desesperadora.
Este filme servirá de lição, sobretudo, nas zonas atacadas. Está baseado em fatos reais.
O diretor, Harlan, que ao princípio não queria fazer o filme, está trabalhando muito nele. Prometeu-me estrear no Natal. Para quando necessitaremos dele desesperadamente.
24 de novembro de 1943.
O panorama que Berlim oferece é bastante deprimente. Não imagino como os ingleses puderam causar tanto dano. O Ministério da Propaganda havia se salvado em sua maior parte, mas o estado da Wilhelmplatz era o mais desolador.
Berlim destruída pela Guerra
De manhã tive uma longa reunião com os diretores do partido e outros responsáveis por Berlim para discutir o que fazer. Estamos improvisando muito.
A resposta ao ataque aéreo foi muito eficiente. Os berlinenses sabem por instinto quando vale a pena salvar una zona e quando é melhor sair de lá.
25 de fevereiro de 1944.
O Führer dirigiu umas palavras de calma aos berlinenses. Reafirmou que Berlim havia demonstrado ser a capital do Reich durante os assaltos dos últimos meses.
Os berlinenses demonstraram uma coragem e uma virilidade que muito poucos podiam imaginar.
7 de junho de 1944 – Sobre o Dia D
Ontem, durante a noite, chegaram os primeiros informes sobre a invasão aliada no oeste. O Führer se encontrava com um humor excelente. A invasão estava sendo feita justamente onde a esperávamos. A menos que tudo saísse mal, poderíamos gerenciar.
Desafortunadamente, o inimigo pôs tanques em ação, mas nós mobilizaremos a reserva. Partiram duas divisões blindadas de combate.
O Führer assegura que expulsaremos as unidades que aterrissaram e que aniquilaremos seus paraquedistas.
As palavras do Ministro sobre o novo V1 alemão foram recebidas com um estrondo e aplauso.
“Como disse em Berlim antes do bombardeio da capital: Logo chegará a hora de nos vingarmos dos ingleses.
Choveram críticas na imprensa inglesa e se perguntam em tom zombador se não seria o Ministro da Propaganda o que inventou a arma no lugar do Ministro da Guerra. Não creio que seja minha obrigação corrigir os ingleses. Quanto mais tarde saibam de sua existência, melhor para nós. Porque a surpresa também é uma arma muito potente.”
18 de junho de 1944.
Nossas primeiras armas de represália humilham o mundo. Os ingleses utilizam todo seu poder contra nossa arma secreta, mas não têm êxito algum. Os londrinos estão aterrorizados. Atônitos.
Soldados preparam foguete V1 para dispará-lo
O bombardeio de Londres não cessou desde quinta-feira à tarde.
Não há defesa contra nossos mísseis.
7 de julho de 1944 – O Otimismo já não é grande o suficiente…
O entusiasmo está em queda livre. O V1 e as tentativas de repelir a invasão do oeste têm sido nulos. No leste, tão-pouco, restam muitas esperanças. Nossa equipe de informação tem recebido duras críticas.
Nossos jornalistas e apresentadores voltaram a falar mais da conta, como sempre critiquei. O povo está cansado de tanta desculpa. A única coisa que ouvir é a verdade.
Haegert crê que poderíamos utilizar o slogan: “Sangue, Suor e Lágrimas” para nossos próprios fins. Tornaríamos imunes ante qualquer revés.

28 de fevereiro de 1945.
Não há motivo para passar à margem por esses assuntos nem para calar com objetivo de não ferir os sentimentos do Führer. A discussão que mantivemos foi visceral e muito calorosa.
O Führer acabou compreendendo meu ponto de vista.
Enfadou-se porque a situação havia se deteriorado muito não porque eu houvesse falado com toda a franqueza. Se Goering passar do ponto haverá de fazer recobrar a razão. Não há lugar para tontos condecorados e vaidosos entre os líderes de nossa guerra. Não penso descansar até que volte a se restabelecer a ordem.
Por exemplo, é de muito mau gosto, que um oficial do Reich se pavoneie com o uniforme cinza-prata. Pequeno comportamento tão afeminado dada a situação. Espero que o Führer volte a fazer de Goering um homem.
9 de março de 1945.
Ao meio-dia conduzem até Berlim. Para um tempo frio e espaçoso. O campo aparecia iluminado pelos raios do sol. Quando deixa as ruínas de Berlim entra em uma região que parece indiferente à guerra.
É uma maravilha voltar ao campo e respirar ar puro. As vidas dos habitantes apenas haviam se alterado. É invejável.
Depois, nos aproximamos para frente e entramos em zona de guerra. À distância se vêm brilhos de fogo inimigo ou alemão.
Então chegamos a Lauban. A localidade estava muito danificada pelos últimos ataques.
Os paraquedistas, que lutaram magnificamente em Lauban, estavam desfilando pelos escombros do mercado da cidade.
O general Scherner se dirigiu às tropas e a mim particularmente. Se referiu a meus constante empenho por ajudar a guerra. Disse que sou um dos poucos que escutam o front. Não havia sinal de derrotismo.
Imagem curiosa mostra Goebbels cumprimentando um soldado menino - Fato comum nas fileiras alemãs no final da guerra
Isto o testemunhei eu mesmo quando me dirigi às nossas tropas no acampamento de Görlitz. Meu discurso tratava da necessidade de lutar sem se render jamais.
“As divisões que já lançaram ofensivas de pequena escala e as que lançaram ofensivas de grande escala nas semanas e meses vindouros entrarão nesta batalha como se fosse um serviço religioso.
E quando empunharem as armas se encarnem a seus tanques, e só pensarão em seus filhos mortos e nas mulheres violentadas, e seus gritos de vingança seriam tais que deixariam pálido o inimigo.”
11 de março de 1945.
O que mais incomoda é o comportamento do povo em Rheydt, minha cidade natal. Os americanos lhe deram muita importância. Um tal Herr Vogelsein, que conheci na juventude, como um inculto nacional-socialista foi às autoridades de ocupação para se oferecer como prefeito. Ocupar-me-ei pessoalmente deste homem. Tenho um plano para liquidá-lo na primeira oportunidade. O farão membros do partido de Berlim especialmente treinados.
Os americanos, como esperávamos, lançaram um suposto jornal alemão em Rheydt, uma das primeiras cidades a serem ocupadas. Mas seu triunfo parece um tanto prematuro. Encontrarei a forma de endireitar as coisas. Pelo menos em Rheydt.
21 de abril, 1945 – Último discurso
“Defensores de Berlim, os olhos de vossas mulheres, vossas mães e vossos filhos se fixam em vós. Confiaram suas vidas, sua felicidade, sua saúde e seu futuro. Sabeis qual é vosso trabalho, e eu sei que o cumprireis.
O momento da verdade chegou. Eu permaneço com minha equipe em Berlim. Minha mulher e meus filhos estão também e aqui ficarão. Farei tudo que possa para mobilizar a defesa da Capital do Reich.
Meus pensamentos e desejos estarão sempre convosco, e rechaçaremos nosso inimigo comum. As hordas de mongóis serão detidas nas portas da cidade. Nossa luta será o sinal para que toda a nação lute com decisão.
Com o fanático desejo de não deixar cair a capital em mãos dos bolchevistas, trabalharemos e lutaremos solidariamente.”
Joseph Goebbels se suicidou juntamente com sua esposa, no dia 1º de Março, logo após envenenar seus seis filhos com cianureto.
Ainda hoje é considerado um mago da propaganda politica…
Fonte: Documentário O Experimento de Goebbels

O Diário de Joseph Goebbels – Parte II


O Diário de Joseph Goebbels – Parte II

15 de fevereiro de 1931
Magda Quandt veio esta tarde e ficou bem pouco tempo. Está ficando uma loura com grande encanto. Minha amada rainha. Uma mulher bonita, cheia de alegria. Sinto que a amarei profundamente. Não posso afastá-la de minha mente. Quê bonito é amar uma mulher bonita e ser correspondido.
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Detalhe do rosto de Magda, futura esposa de Goebbels
21 de fevereiro de 1931
Goering é um viciado em morfina. O chefe quer “cortar seus pés”. Está fazendo as coisas mais disparatadas. Às vezes pensa que é o Chanceler ou o Ministro da Defesa. Parece-me um clássico caso de megalomania. Necessita tratamento urgente. No momento, é o mais ridículo.
28 de abril de 1931
O partido precisa tornar-se mais prussiano. Necessita ser mais socialista. Hitler me entende, mas tem suas próprias reservas. Convenci-lhe que venha a Berlim mais frequentemente e dedique mais tempo ao assunto do socialismo. Ele confia em mim e condenou as calúnias do partido contra mim. Disse-me: “Berlim é sua e assim é como vão ficar as coisas”.
Necessito que isto ocorra.
27 de junho de 1931
Magda me dá força e imaginação. Estou muito contente em tê-la. Agora me pertence. Agora sei que tenho algo que me pertence por completo e sempre me apoiará. E eu também pertenço a ela. O partido vem primeiro, e logo depois Magda. O amor não me entorpece; me empurra para frente.
30 de junho de 1931
Descobri um importante complô. As SS têm uma rede de espionagem aqui, em Berlim, e me têm sob vigilância. Estão jogando sobre mim os boatos mais inacreditáveis. Creio que são agentes provocadores. Quinta-feira, em Munique, exigirei que cesse imediatamente. Tenha ou não tenha a confiança de Hitler, não penso continuar trabalhando sob estas condições.
Himmler me odeia. Agora vou derrotá-lo. Necessitamos nos desfazer desse bastardo sem escrúpulos. Goering está de acordo comigo.
20 de dezembro de 1931
Até que enfim a espera acabou. Nós dois demos nossa palavra. Depois assinamos. Primeiro eu, depois Magda. Em seguida Epp e logo depois Hitler. Agora Magda é minha esposa. Estou cheio de alegria. Agora somos muito felizes. As S.A. formaram uma guarda de honra. As pessoas nos desejavam boa sorte. Maria foi dama de honra, Harald, meu ajudante, com seu uniforme das S.A. O pastor Wenzel dirigiu a cerimônia. Não esteve mal. Estes clérigos são todos iguais. E logo pôs as alianças nos dedos. Enfim, Magda era minha.
Lá fora, membros das S. A. nos felicitavam. Hitler tinha lágrimas de felicidade nos olhos. Disse-me: “Desejo-lhe uma vida cheia de felicidade e espero que continue sendo meu bom amigo”. Dei-lhe minha palavra. Magda me ajudará a mantê-la.
31 de janeiro de 1933
Conseguimos. Estabelecemos-nos em Wilhelmstrasse. Hitler é o novo chanceler. É como um sonho feito realidade.
O resultado final: Frick ministro do Reich. Goering, Ministro do Interior da Prússia. Todos tínhamos lágrimas nos olhos. Apertamos a mão de Hitler. Nós merecíamos. Que maravilhosa euforia. O povo estava enlouquecendo na rua. Na colisão os conservadores tinham o vice-chanceler e o ministro do trabalho. Logo tiraremos deles.hitler
Chegaram as tochas. O desfile começou as sete e durou até depois da meia-noite. Havia um milhão de pessoas nas ruas. Hindenburg saudava os manifestantes. Hitler estava no edifício ao lado. Um novo princípio, uma explosão de união popular. Multidões cada vez maiores. Falei no rádio em todas as emissoras alemãs. Disse: “Hoje, todos estamos muito contentes.”.
De 2 a 10 de fevereiro 1933
Há rumores que logo serei nomeado chefe da radiodifusão. Deixaram-me à margem. Magda está muito triste. Deixam-me de lado e me dão de ombros. Estou tão deprimido que não posso pensar nisso. Estão me pondo contra a parede. Hitler apenas me ajuda. Estou desanimado.
Hitler me chamou. Já havia falado com Funk, o oficial de imprensa, sobre meu ministério.
Uma humilhação para mim.
10 de fevereiro de 1933
O Führer fez um discurso fantástico desafiando com palavras muito duras os comunistas. No final, utilizou uma linguagem incrivelmente emotiva, acabando sua oração com a palavra “amém”.
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Parecia tão natural que todo mundo ficou cativado e profundamente emocionado. Estava tão cheios de força e de fé. Era tão original e valoroso. E tinha tanto poder e dignidade que não se podia comparar com nenhum outro do passado.
20 de fevereiro de 1933
Vi o filme do discurso do Führer no Palácio de Esportes. As imagens funcionaram muito bem. Resultará numa ferramenta de propaganda indispensável, e será mostrado nos lugares onde o Führer não possa fazer discursos. Sua força provém da coerência e harmonia das palavras e das expressões faciais e os gestos. Agora os comícios estão se convertendo em um verdadeiro prazer. Temos um novo assunto que nos une. Temos entusiasmo, energia, e uma entrega absoluta a nossa causa. Contamos com o apoio total das massas. Falamos de coração e já não necessitamos respeitar os sentimentos de nossos inimigos.
Para as eleições estamos arrecadando grandes quantias e isto porá fim a todos os nossos problemas financeiros. Pus em marcha a campanha propagandística e uma hora mais tarde já faziam eco na imprensa escrita.

21 de fevereiro de 1933
Nossa propaganda é considerada exemplar, não só pela imprensa alemã, mas também pela imprensa internacional.
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Cartaz de Propaganda Nazista
Temos adquirido tanta experiência durante as campanhas anteriores que podemos vencer nossos oponentes. Provocamos-lhes medo e dizem uma palavra sequer. Agora demonstraremos o que o aparelho pode conseguir quando se sabe manejar.

8 de março de 1933
Agora tenho uma estrutura para meu ministério. Está dividido em cinco grandes departamentos: rádio, imprensa, cinema, propaganda e teatro. Em todos eles, sinto-me muito bem. Por isso os dedicarei toda minha energia e paixão.
Hoje, as Juventudes Hitleristas, desfilaram em Unter den Linden. Poderia ficar horas olhando-as, contente, sem cansar a vista. A revolução alemã está em marcha.
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Desfile da Juventude Hitlerista
As bandeiras com suásticas tremulam em cada edifício público de vez em quando, algum funcionário se queixa, mas basta um pouco de pressão para pô-los em ordem. A revolução nacional, cujo progresso nós estamos contemplando…
15 de março de 1933
Dei uma entrevista à imprensa pela primeira vez. Estou desenvolvendo uma nova estratégia de imprensa moderna. Necessitamos começar a romper modelos. Muitos dos presentes eram incapazes de expressar uma opinião em público. Irei me desfazer deles rapidamente.
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Goebbels durante a Entrevista
A duplicidade de responsabilidades entre meu novo cargo e os ministérios existentes está causando alguns problemas. Mas o nazista sempre chegou a um rápido acordo porque abordamos tudo com um espírito de senso comum.
17 de março de 1933
As celebrações em Postdam estão se realizando no estilo nacional-socialista pela primeira vez. Estão sendo retransmitidas para toda a Alemanha. Toda a nação há de tomar parte neste ato.
Trabalhei em todo o projeto até altas horas da noite e faço o possível para que este ato perdure na memória dos jovens.
22 de março de 1933
O trajeto do gabinete e dos membros do Reichstag da igreja de São Nicolau até a de Garrison foi insuportável. A multidão nos empurrava por todas as partes. Hindenburg entrou na Igreja de Garrison com o Führer. Uma sombra de silêncio caiu sobre todos os presentes.
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Hindenburg lendo a mensagem aos membros do Reichstag
O presidente leu sua mensagem aos membros do Reichstag e ao povo alemão.
7 de março de 1933
Ditei um artigo muito duro sobre os judeus e sua campanha de difamação. É o que tem que se fazer. Os judeus não reagiram ante a generosidade ou ante o espírito de magnanimidade.
Há de ensinar-lhes o que estamos dispostos a fazer. Enviei meu texto por telegrama a Munique para que o Führer tivesse uma cópia. Ele decidirá quando podemos começar a campanha.
31 de março de 1933
Muita gente pensa que o boicote nos levará à guerra. Se nos defendemos sós, ganhamos respeito.
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Boicote aos Judeus - ao fundo pode ser visto um membro do partido nazista marcando uma loja judia com a estrela de seis pontas.
Se as calúnias contra a Alemanha no exterior cessarem o boicote parará. Se não, lutaremos até a morte.
25 de abril de 1933
Minha viagem a Rheydt se converteu em um grande desfile triunfal. Aceitei ser homenageado por minha mãe, ela foi caluniada, submetida a boatos, depreciada e acossada nessa cidade provinciana e sofreu muito por ela. Todos sabem como são estas comunidades pequeno-burguesas.
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Agora quero reparar seus anos de sofrimento e tormento moral com um triunfo verdadeiro. Por isso voltei pra casa. Para lhe demonstrar que seus contínuos sofrimentos não foram em vão.
11 de maio de 1933
Trabalhei até tarde em casa.
À tarde fiz um discurso nas portas do teatro da ópera em frente a uma enorme fogueira onde os livros asquerosos e baratos eram queimados por estudantes. Estava em forma. Grandes multidões. Hoje começou um tempo bom de verão.
29 de agosto de 1933
Inauguração da Feira das Transmissões. Uma ocasião digna e magnífica. Meu discurso foi muito bem recebido.
“Os meios de comunicação não podem existir por si sós, separados da época que relatam. Mais que nenhum outro meio tem o dever de refletir, e dar a expressão aos sucessos e às necessidades do nosso tempo.”
Vi a exposição. Tudo esteve muito bem. A televisão é questão de meses. Fiz um telefonema ao longínquo leste e ao capitão do Bremen em alto mar. Escutaram-me perfeitamente. As pessoas estão encantadas com os avanços tecnológicos.
“A força de uma boa programação está em criar a mistura correta de entretenimento, diversão, ensino, educação e política. Os experimentos devem ser deixados para os laboratórios, não para milhões de ouvintes.”
25 de setembro de 1933
Fui à Liga das Nações com Neurath. Deprimente. Uma reunião dos mortos. Interessava-me conhecer essa gente pessoalmente. Sir John Simon, o ministro britânico de Assuntos Exteriores. Alto e imponente. Paul Boncour, um cafetão indesejável. É francês e um homem de letras. Não é um homem de verdade. O austríaco Dollfuss, um anão, um janota patife. Além disso, nada fora do normal. Examinaram-me detidamente de cima a baixo. Entre eles vejo quão superiores que somos nós, os alemães. Todo o assunto carecia de dignidade e estilo.
lnLiga das Nações em 1933
Antes os democratas se encaixassem muito bem aqui estavam como estivessem em casa, mas nós não somos desse tipo. A imprensa estava impaciente para me ver. Queriam entrevistas.
5 de julho de 1935
Quarta-feira.
Em Heiligendamm há todo tipo de assuntos complicados. Richard Strauss escreveu uma carta odiosa ao judeu Stefan Zweig e a polícia a interceptou. A carta é insolente e, pior ainda, estúpida. A hora Strauss também terá que sair. Todos estes artistas carecem de princípios políticos desde Goethe a Strauss. Fora com eles.
Strauss escrevendo a um judeu! É asqueroso!
15 de julho de 1935
Sábado. Descansando e falando com o Führer.
Está trabalhando duro na política exterior ainda que os assuntos domésticos também requeiram sua atenção. Está furioso com Frick e seus burocratas. É provável que se vá logo. Eu não penso em me queixar.
Comemos juntos. Bom tempo. Muito relaxante e um passeio com o Führer. Emocionei-me muito debatendo com pessoas comuns. As mulheres estavam tão contentes que inclusive choravam. Apenas podia conter as lágrimas.
Passei o tempo com o Führer e Helga. Ela é muito agradável.
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Adolf Hitler com Goebbels e familia
Domingo. Café da manhã com o Führer.
Mostrava-se encantado por estes dois maravilhosos dias. Planejamos criar um grande balneário para homens e mulheres trabalhadores em uma das ilhas do mar do norte. Dez mil camas e quinze milhões de marcos. Ambos estávamos emocionados.
Quando o Führer se foi fiquei só e muito triste.
22 de março de 1936
Fui trabalhar cedo. Um chamamento à nação. Falo para motivar a imprensa.
A campanha eleitoral consome quase todo meu tempo.
Magda e eu fomos a Wannsee procurar uma casa de veraneio. Estaria muito bem se pudéssemos alugá-la ou comprá-la. Encontra-se na ilha de Swanenwerder, perto da orla de um lago. Esperemos para ver o que acontece.
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Casa de Veraneio em Wannsee
19 de maio de 1936
Fomos a Schwanenwerder, fazia um tempo lindo. Magda estava muito amável e encantadora. Foi uma longa viagem de barco.
Meu empregado Haegert está preocupado se o gasto militar absorve nossos recursos se a guerra vier. Um general como chefe de propaganda! Que ideia mais absurda! Lutarei para que isso não ocorra. Tem que deixar a propaganda para os que a entendem.
20 de junho de 1936
Ontem, Swanenwerder. Estivemos presos na luta entre Max Schmeling e Joe Louis. Passamos toda a tarde  com a mulher de Schmeling, contamos histórias, rimos, e passamos bem.
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Cena da Famosa luta entre Max Schmeling e Joe Louis
No décimo-segundo assalto, Schmeling deixa o negro nocauteado. Fantástico! Foi uma luta emocionante. Schmeling lutou pela Alemanha e ganhou. O homem branco predominou sobre o negro. E o homem branco era alemão.
Não fui dormir até a cinco.

Luta completa entre Max Schmeling e Joe Louis
Continua…
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