1940: Crianças alemãs refugiam-se dos bombardeios
No dia 27 de setembro de 1940, enquanto a Alemanha era bombardeada na Segunda Guerra Mundial, Hitler mandou levar as crianças para o interior do país.
No final do verão europeu de 1940, os britânicos iniciaram a retaliação. Após os ataques de Hitler a Londres, começaram a cair bombas em Berlim. Muitas famílias passavam as noites nos abrigos antiaéreos. No dia 27 de setembro de 1940, Hitler ordenou a maior medida de evacuação da Segunda Guerra Mundial: o envio das crianças para o interior do país.
Meninos e meninas das cidades ameaçadas pelos bombardeios deveriam mudar-se para as regiões do interior. Jürgen Niklaus, então com 10 anos, foi enviado para a cidade de Graudenz, hoje pertencente à Polônia. "Praticamente toda a nossa escola foi evacuada para lá. Não se fez muitas perguntas. Naturalmente que os pais podiam dizer que não, mas minha mãe concordou."
A transferência para o interior era gratuita. Quase três milhões de meninos e meninas foram acomodados em alojamentos coletivos ou casas de família até o final da guerra. Algumas crianças puderam levar as mães. Jürgen Niklaus viajou sozinho para o alojamento.
Para ele, a viagem era inicialmente uma grande aventura. Ele praticamente não sentia saudades de casa: "Nós fomos alojados em grandes dormitórios. À noite, nos contavam histórias, naturalmente, sobre atos de heroísmo e sobre os fantásticos homens da SS. E isto nos distraía um pouco. O momento ruim era quando as luzes apagavam e a gente pensava: onde está a minha mãe?"
Centros de doutrinação
Os nazistas usavam os acampamentos para educar as crianças com a sua ideologia. Ao mesmo tempo, muitas mães que ficaram em casa podiam trabalhar na indústria bélica. O responsável pelo envio das crianças para o interior era Baldur von Schirach, que procurou confortar os pais num pronunciamento radiofônico após visitar um dos acampamentos:
"O pão integral voltou à mesa. A carne é servida com abundância. Não foram esquecidos nem mesmo os doces, como eu pude comprovar. O estado de saúde de todas as crianças é, em média, excelente e nos dá uma grande satisfação."
Apesar das tentativas de tranquilização, muitos pais preferiram ficar com os filhos nas grandes cidades. Outros os buscaram de volta, para desagrado do ministro da Propaganda, Joseph Goebbels: "O terrorismo aéreo do inimigo é incalculável. E os pais que se deixam levar pela falta de visão e retiram os filhos dos distritos de evacuação, pensando que isso não será tão mau, já que até agora tudo correu bem, assumem com isto uma grave responsabilidade."
Também Jürgen Niklaus voltou uma vez para casa durante a guerra. Na segunda evacuação, sua mãe pôde acompanhá-lo inicialmente. Mas, em julho de 1944, eles foram separados. A instrução escolar nos acampamentos tornou-se cada vez pior, pois faltavam bons professores: "Eles eram muito velhos ou eram aqueles que já tinham perdido um braço ou uma perna na guerra e voltado, então, a lecionar."
Aliciamento e treino militar
Havia terminado também a época dos devaneios e brincadeiras nos acampamentos. Em vez de aprender matemática e gramática, Jürgen Niklaus teve de preparar-se para o combate final:
"Eles vieram então com a sua milícia popular. Era, naturalmente, uma grande honra, receber uma braçadeira da milícia popular. E nós recebemos verdadeiro treinamento militar. Foi duro. Eu era miudinho na época e desmaiava também com frequência durante a construção de barricadas ou determinados exercícios, quando nos acossavam através de campos úmidos."
Seu acampamento foi transferido para Wörth, às margens do Rio Danúbio. Com um bastão de madeira, Jürgen Niklaus deveria lutar contra os americanos. Quando a guerra terminou, seu acampamento juvenil foi desfeito e ele – aos 15 anos de idade – foi enviado para trabalhar na colheita na Baviera:
"Em setembro, não suportei mais. Eu não sabia sequer se meus pais haviam sobrevivido ou não. Os trens de passageiros ainda não tinham voltado a funcionar. Eu roubei duas galinhas e troquei-as por alguma coisa de comer. Depois, subi em trens cargueiros, amarrando-me do lado de fora com um cinto ou uma corda, e esperando para ver aonde o trem iria."
Três semanas mais tarde, Jürgen Niklaus chegou a Berlim. A casa da sua família estava muito danificada, mas sua mãe e seu pai estavam vivos.
Meninos e meninas das cidades ameaçadas pelos bombardeios deveriam mudar-se para as regiões do interior. Jürgen Niklaus, então com 10 anos, foi enviado para a cidade de Graudenz, hoje pertencente à Polônia. "Praticamente toda a nossa escola foi evacuada para lá. Não se fez muitas perguntas. Naturalmente que os pais podiam dizer que não, mas minha mãe concordou."
A transferência para o interior era gratuita. Quase três milhões de meninos e meninas foram acomodados em alojamentos coletivos ou casas de família até o final da guerra. Algumas crianças puderam levar as mães. Jürgen Niklaus viajou sozinho para o alojamento.
Para ele, a viagem era inicialmente uma grande aventura. Ele praticamente não sentia saudades de casa: "Nós fomos alojados em grandes dormitórios. À noite, nos contavam histórias, naturalmente, sobre atos de heroísmo e sobre os fantásticos homens da SS. E isto nos distraía um pouco. O momento ruim era quando as luzes apagavam e a gente pensava: onde está a minha mãe?"
Centros de doutrinação
Os nazistas usavam os acampamentos para educar as crianças com a sua ideologia. Ao mesmo tempo, muitas mães que ficaram em casa podiam trabalhar na indústria bélica. O responsável pelo envio das crianças para o interior era Baldur von Schirach, que procurou confortar os pais num pronunciamento radiofônico após visitar um dos acampamentos:
"O pão integral voltou à mesa. A carne é servida com abundância. Não foram esquecidos nem mesmo os doces, como eu pude comprovar. O estado de saúde de todas as crianças é, em média, excelente e nos dá uma grande satisfação."
Apesar das tentativas de tranquilização, muitos pais preferiram ficar com os filhos nas grandes cidades. Outros os buscaram de volta, para desagrado do ministro da Propaganda, Joseph Goebbels: "O terrorismo aéreo do inimigo é incalculável. E os pais que se deixam levar pela falta de visão e retiram os filhos dos distritos de evacuação, pensando que isso não será tão mau, já que até agora tudo correu bem, assumem com isto uma grave responsabilidade."
Também Jürgen Niklaus voltou uma vez para casa durante a guerra. Na segunda evacuação, sua mãe pôde acompanhá-lo inicialmente. Mas, em julho de 1944, eles foram separados. A instrução escolar nos acampamentos tornou-se cada vez pior, pois faltavam bons professores: "Eles eram muito velhos ou eram aqueles que já tinham perdido um braço ou uma perna na guerra e voltado, então, a lecionar."
Aliciamento e treino militar
Havia terminado também a época dos devaneios e brincadeiras nos acampamentos. Em vez de aprender matemática e gramática, Jürgen Niklaus teve de preparar-se para o combate final:
"Eles vieram então com a sua milícia popular. Era, naturalmente, uma grande honra, receber uma braçadeira da milícia popular. E nós recebemos verdadeiro treinamento militar. Foi duro. Eu era miudinho na época e desmaiava também com frequência durante a construção de barricadas ou determinados exercícios, quando nos acossavam através de campos úmidos."
Seu acampamento foi transferido para Wörth, às margens do Rio Danúbio. Com um bastão de madeira, Jürgen Niklaus deveria lutar contra os americanos. Quando a guerra terminou, seu acampamento juvenil foi desfeito e ele – aos 15 anos de idade – foi enviado para trabalhar na colheita na Baviera:
"Em setembro, não suportei mais. Eu não sabia sequer se meus pais haviam sobrevivido ou não. Os trens de passageiros ainda não tinham voltado a funcionar. Eu roubei duas galinhas e troquei-as por alguma coisa de comer. Depois, subi em trens cargueiros, amarrando-me do lado de fora com um cinto ou uma corda, e esperando para ver aonde o trem iria."
Três semanas mais tarde, Jürgen Niklaus chegou a Berlim. A casa da sua família estava muito danificada, mas sua mãe e seu pai estavam vivos.
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