O Diário de Joseph Goebbels – Parte II
15 de fevereiro de 1931
Magda Quandt veio esta tarde e ficou bem pouco tempo. Está ficando uma loura com grande encanto. Minha amada rainha. Uma mulher bonita, cheia de alegria. Sinto que a amarei profundamente. Não posso afastá-la de minha mente. Quê bonito é amar uma mulher bonita e ser correspondido.
21 de fevereiro de 1931
Goering é um viciado em morfina. O chefe quer “cortar seus pés”. Está fazendo as coisas mais disparatadas. Às vezes pensa que é o Chanceler ou o Ministro da Defesa. Parece-me um clássico caso de megalomania. Necessita tratamento urgente. No momento, é o mais ridículo.
28 de abril de 1931
O partido precisa tornar-se mais prussiano. Necessita ser mais socialista. Hitler me entende, mas tem suas próprias reservas. Convenci-lhe que venha a Berlim mais frequentemente e dedique mais tempo ao assunto do socialismo. Ele confia em mim e condenou as calúnias do partido contra mim. Disse-me: “Berlim é sua e assim é como vão ficar as coisas”.
Necessito que isto ocorra.
27 de junho de 1931
Magda me dá força e imaginação. Estou muito contente em tê-la. Agora me pertence. Agora sei que tenho algo que me pertence por completo e sempre me apoiará. E eu também pertenço a ela. O partido vem primeiro, e logo depois Magda. O amor não me entorpece; me empurra para frente.
30 de junho de 1931
Descobri um importante complô. As SS têm uma rede de espionagem aqui, em Berlim, e me têm sob vigilância. Estão jogando sobre mim os boatos mais inacreditáveis. Creio que são agentes provocadores. Quinta-feira, em Munique, exigirei que cesse imediatamente. Tenha ou não tenha a confiança de Hitler, não penso continuar trabalhando sob estas condições.
Himmler me odeia. Agora vou derrotá-lo. Necessitamos nos desfazer desse bastardo sem escrúpulos. Goering está de acordo comigo.
20 de dezembro de 1931
Até que enfim a espera acabou. Nós dois demos nossa palavra. Depois assinamos. Primeiro eu, depois Magda. Em seguida Epp e logo depois Hitler. Agora Magda é minha esposa. Estou cheio de alegria. Agora somos muito felizes. As S.A. formaram uma guarda de honra. As pessoas nos desejavam boa sorte. Maria foi dama de honra, Harald, meu ajudante, com seu uniforme das S.A. O pastor Wenzel dirigiu a cerimônia. Não esteve mal. Estes clérigos são todos iguais. E logo pôs as alianças nos dedos. Enfim, Magda era minha.
Lá fora, membros das S. A. nos felicitavam. Hitler tinha lágrimas de felicidade nos olhos. Disse-me: “Desejo-lhe uma vida cheia de felicidade e espero que continue sendo meu bom amigo”. Dei-lhe minha palavra. Magda me ajudará a mantê-la.
31 de janeiro de 1933
Conseguimos. Estabelecemos-nos em Wilhelmstrasse. Hitler é o novo chanceler. É como um sonho feito realidade.
O resultado final: Frick ministro do Reich. Goering, Ministro do Interior da Prússia. Todos tínhamos lágrimas nos olhos. Apertamos a mão de Hitler. Nós merecíamos. Que maravilhosa euforia. O povo estava enlouquecendo na rua. Na colisão os conservadores tinham o vice-chanceler e o ministro do trabalho. Logo tiraremos deles.
Chegaram as tochas. O desfile começou as sete e durou até depois da meia-noite. Havia um milhão de pessoas nas ruas. Hindenburg saudava os manifestantes. Hitler estava no edifício ao lado. Um novo princípio, uma explosão de união popular. Multidões cada vez maiores. Falei no rádio em todas as emissoras alemãs. Disse: “Hoje, todos estamos muito contentes.”.
De 2 a 10 de fevereiro 1933
Há rumores que logo serei nomeado chefe da radiodifusão. Deixaram-me à margem. Magda está muito triste. Deixam-me de lado e me dão de ombros. Estou tão deprimido que não posso pensar nisso. Estão me pondo contra a parede. Hitler apenas me ajuda. Estou desanimado.
Hitler me chamou. Já havia falado com Funk, o oficial de imprensa, sobre meu ministério.
Uma humilhação para mim.
10 de fevereiro de 1933
O Führer fez um discurso fantástico desafiando com palavras muito duras os comunistas. No final, utilizou uma linguagem incrivelmente emotiva, acabando sua oração com a palavra “amém”.
Parecia tão natural que todo mundo ficou cativado e profundamente emocionado. Estava tão cheios de força e de fé. Era tão original e valoroso. E tinha tanto poder e dignidade que não se podia comparar com nenhum outro do passado.
20 de fevereiro de 1933
Vi o filme do discurso do Führer no Palácio de Esportes. As imagens funcionaram muito bem. Resultará numa ferramenta de propaganda indispensável, e será mostrado nos lugares onde o Führer não possa fazer discursos. Sua força provém da coerência e harmonia das palavras e das expressões faciais e os gestos. Agora os comícios estão se convertendo em um verdadeiro prazer. Temos um novo assunto que nos une. Temos entusiasmo, energia, e uma entrega absoluta a nossa causa. Contamos com o apoio total das massas. Falamos de coração e já não necessitamos respeitar os sentimentos de nossos inimigos.
Para as eleições estamos arrecadando grandes quantias e isto porá fim a todos os nossos problemas financeiros. Pus em marcha a campanha propagandística e uma hora mais tarde já faziam eco na imprensa escrita.
21 de fevereiro de 1933
Nossa propaganda é considerada exemplar, não só pela imprensa alemã, mas também pela imprensa internacional.
Temos adquirido tanta experiência durante as campanhas anteriores que podemos vencer nossos oponentes. Provocamos-lhes medo e dizem uma palavra sequer. Agora demonstraremos o que o aparelho pode conseguir quando se sabe manejar.
8 de março de 1933
Agora tenho uma estrutura para meu ministério. Está dividido em cinco grandes departamentos: rádio, imprensa, cinema, propaganda e teatro. Em todos eles, sinto-me muito bem. Por isso os dedicarei toda minha energia e paixão.
Hoje, as Juventudes Hitleristas, desfilaram em Unter den Linden. Poderia ficar horas olhando-as, contente, sem cansar a vista. A revolução alemã está em marcha.
As bandeiras com suásticas tremulam em cada edifício público de vez em quando, algum funcionário se queixa, mas basta um pouco de pressão para pô-los em ordem. A revolução nacional, cujo progresso nós estamos contemplando…
15 de março de 1933
Dei uma entrevista à imprensa pela primeira vez. Estou desenvolvendo uma nova estratégia de imprensa moderna. Necessitamos começar a romper modelos. Muitos dos presentes eram incapazes de expressar uma opinião em público. Irei me desfazer deles rapidamente.
A duplicidade de responsabilidades entre meu novo cargo e os ministérios existentes está causando alguns problemas. Mas o nazista sempre chegou a um rápido acordo porque abordamos tudo com um espírito de senso comum.
17 de março de 1933
As celebrações em Postdam estão se realizando no estilo nacional-socialista pela primeira vez. Estão sendo retransmitidas para toda a Alemanha. Toda a nação há de tomar parte neste ato.
Trabalhei em todo o projeto até altas horas da noite e faço o possível para que este ato perdure na memória dos jovens.
22 de março de 1933
O trajeto do gabinete e dos membros do Reichstag da igreja de São Nicolau até a de Garrison foi insuportável. A multidão nos empurrava por todas as partes. Hindenburg entrou na Igreja de Garrison com o Führer. Uma sombra de silêncio caiu sobre todos os presentes.
O presidente leu sua mensagem aos membros do Reichstag e ao povo alemão.
7 de março de 1933
Ditei um artigo muito duro sobre os judeus e sua campanha de difamação. É o que tem que se fazer. Os judeus não reagiram ante a generosidade ou ante o espírito de magnanimidade.
Há de ensinar-lhes o que estamos dispostos a fazer. Enviei meu texto por telegrama a Munique para que o Führer tivesse uma cópia. Ele decidirá quando podemos começar a campanha.
31 de março de 1933
Muita gente pensa que o boicote nos levará à guerra. Se nos defendemos sós, ganhamos respeito.
Se as calúnias contra a Alemanha no exterior cessarem o boicote parará. Se não, lutaremos até a morte.
25 de abril de 1933
Minha viagem a Rheydt se converteu em um grande desfile triunfal. Aceitei ser homenageado por minha mãe, ela foi caluniada, submetida a boatos, depreciada e acossada nessa cidade provinciana e sofreu muito por ela. Todos sabem como são estas comunidades pequeno-burguesas.
Agora quero reparar seus anos de sofrimento e tormento moral com um triunfo verdadeiro. Por isso voltei pra casa. Para lhe demonstrar que seus contínuos sofrimentos não foram em vão.
11 de maio de 1933
Trabalhei até tarde em casa.
À tarde fiz um discurso nas portas do teatro da ópera em frente a uma enorme fogueira onde os livros asquerosos e baratos eram queimados por estudantes. Estava em forma. Grandes multidões. Hoje começou um tempo bom de verão.
29 de agosto de 1933
Inauguração da Feira das Transmissões. Uma ocasião digna e magnífica. Meu discurso foi muito bem recebido.
“Os meios de comunicação não podem existir por si sós, separados da época que relatam. Mais que nenhum outro meio tem o dever de refletir, e dar a expressão aos sucessos e às necessidades do nosso tempo.”
Vi a exposição. Tudo esteve muito bem. A televisão é questão de meses. Fiz um telefonema ao longínquo leste e ao capitão do Bremen em alto mar. Escutaram-me perfeitamente. As pessoas estão encantadas com os avanços tecnológicos.
“A força de uma boa programação está em criar a mistura correta de entretenimento, diversão, ensino, educação e política. Os experimentos devem ser deixados para os laboratórios, não para milhões de ouvintes.”
25 de setembro de 1933
Fui à Liga das Nações com Neurath. Deprimente. Uma reunião dos mortos. Interessava-me conhecer essa gente pessoalmente. Sir John Simon, o ministro britânico de Assuntos Exteriores. Alto e imponente. Paul Boncour, um cafetão indesejável. É francês e um homem de letras. Não é um homem de verdade. O austríaco Dollfuss, um anão, um janota patife. Além disso, nada fora do normal. Examinaram-me detidamente de cima a baixo. Entre eles vejo quão superiores que somos nós, os alemães. Todo o assunto carecia de dignidade e estilo.
Antes os democratas se encaixassem muito bem aqui estavam como estivessem em casa, mas nós não somos desse tipo. A imprensa estava impaciente para me ver. Queriam entrevistas.
5 de julho de 1935
Quarta-feira.
Em Heiligendamm há todo tipo de assuntos complicados. Richard Strauss escreveu uma carta odiosa ao judeu Stefan Zweig e a polícia a interceptou. A carta é insolente e, pior ainda, estúpida. A hora Strauss também terá que sair. Todos estes artistas carecem de princípios políticos desde Goethe a Strauss. Fora com eles.
Strauss escrevendo a um judeu! É asqueroso!
15 de julho de 1935
Sábado. Descansando e falando com o Führer.
Está trabalhando duro na política exterior ainda que os assuntos domésticos também requeiram sua atenção. Está furioso com Frick e seus burocratas. É provável que se vá logo. Eu não penso em me queixar.
Comemos juntos. Bom tempo. Muito relaxante e um passeio com o Führer. Emocionei-me muito debatendo com pessoas comuns. As mulheres estavam tão contentes que inclusive choravam. Apenas podia conter as lágrimas.
Passei o tempo com o Führer e Helga. Ela é muito agradável.
Domingo. Café da manhã com o Führer.
Mostrava-se encantado por estes dois maravilhosos dias. Planejamos criar um grande balneário para homens e mulheres trabalhadores em uma das ilhas do mar do norte. Dez mil camas e quinze milhões de marcos. Ambos estávamos emocionados.
Quando o Führer se foi fiquei só e muito triste.
22 de março de 1936
Fui trabalhar cedo. Um chamamento à nação. Falo para motivar a imprensa.
A campanha eleitoral consome quase todo meu tempo.
Magda e eu fomos a Wannsee procurar uma casa de veraneio. Estaria muito bem se pudéssemos alugá-la ou comprá-la. Encontra-se na ilha de Swanenwerder, perto da orla de um lago. Esperemos para ver o que acontece.
19 de maio de 1936
Fomos a Schwanenwerder, fazia um tempo lindo. Magda estava muito amável e encantadora. Foi uma longa viagem de barco.
Meu empregado Haegert está preocupado se o gasto militar absorve nossos recursos se a guerra vier. Um general como chefe de propaganda! Que ideia mais absurda! Lutarei para que isso não ocorra. Tem que deixar a propaganda para os que a entendem.
20 de junho de 1936
Ontem, Swanenwerder. Estivemos presos na luta entre Max Schmeling e Joe Louis. Passamos toda a tarde com a mulher de Schmeling, contamos histórias, rimos, e passamos bem.
No décimo-segundo assalto, Schmeling deixa o negro nocauteado. Fantástico! Foi uma luta emocionante. Schmeling lutou pela Alemanha e ganhou. O homem branco predominou sobre o negro. E o homem branco era alemão.
Não fui dormir até a cinco.
Luta completa entre Max Schmeling e Joe Louis
Continua…
Fonte: Documentário “ O Experimento de Goebbels ” (clique no link e compre agora)
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