Segunda Guerra Mundial
A Batalha de Moscou
Artilharia alemã fazendo fogo contra posições russas
Reproduzo hoje texto da enciclopédia Grolier sobre uma das mais importantes e emblemáticas batalhas da Segunda Guerra Mundial. As tropas da Alemanha nazista chegam até o coração da Rússia, mas não resistem à bravura e a espírito de luta do povo soviético.
Outubro de 1941. A Wehrmacht penetrou profundamente no Rússia, vencendo a encarniçada resistência dos exércitos soviéticos. Na sangrenta batalha de Kiev, mais de 600 000 soldados russos caíram prisioneiros. Porém, apesar das repetidas vitórias, os alemães não conseguiram alcançar seu objetivo. O exército russo permanece de pé e continua lutando obstinadamente.
É necessário, portanto, realizar uma última e demolidora investida. Hitler acaba compreendendo isso e permite finalmente a seus generais que lancem o ataque decisivo contra Moscou. A operação, batizada com o nome chave de ”Tufão”, deverá ter início a 2 de outubro e seu objetivo será o aniquilamento das 100 divisões soviéticas que se acham entrincheiradas diante da capital.
Sem dar descanso às extenuadas tropas, as diferentes unidades do Grupo de Exércitos Centro, do Marechal von Bock, completam aceleradamente sua concentração nas posições de assalto. O Grupamento Panzer II, do General Guderian, deve percorrer, a marchas forçadas, mais de 300 km, depois de terminar com os sangrentos combates de Kiev a fim de incorporar-se ao resto da força de ataque. Guderian perdeu, desde o início da invasão da Rússia, mais de 50 % de seus tanques. No entanto, para iniciar a nova ofensiva, recebe como reforço somente 50 blindados.
Canhão alemão faz fogo contra poisões soviéticas próximas. A grande mobilidade de suas unidades permitiu aos alemães um rápido avanço.
Ao terminar seu avanço frente à Moscou, o Grupo de Exércitos Centro conta com um total de 70 divisões, agrupadas em três grandes massas de ataque. Situados ao norte da estrada que corre de Smolensk paro Moscou, encontra-se o Grupamento Panzer III, do General Hoth e o IX exército, do General Strauss (três divisões Panzer, 2 motorizadas e 18 de infantaria). Ao sul daquela rota, estão o Grupamento Panzer IV, do General Hoeppner, e o IV Exército, do Marechal von Kluge (5 divisões Panzer, 2 motorizadas e 15 de infantaria), Estas duas forças, precedidas por suas unidades blindadas, têm como missão aniquilar, por meio de uma manobra de cerco, o grosso dos exércitos russos localizados a oeste de Moscou.
Material bélico sovético destruído pelas unidades alemãs em marcha. Apesar da desesperada defesa que opuseram, os russos não puderam evitar as grandes perdas.
Mais para o sul, à Grupamento Punzer II, do General Guderiari e exército. do General Weichs (5 divisões Panzer, 4 motorizadas, 1 de cavalaria e 14 de infantaria), irromperam numa penetração de flanco nas posições soviéticas, a fim de infiltrar-se aceleradamente em direção a Moscou.
Este plano se baseava na aceitação por parte do Alto Comando aIemão de um tremendo risco. A época de bom tempo já havia praticamente terminado e somente restavam poucas semanas para que as chuvas de outono convertessem os primitivos caminhos da Rússia em lodaçais intransitáveis. Se as colunas motorizada da Wehrmacht não conseguisse alcançar Moscou antes do aparecimento de lama, o avanço poderia ser paralisado e o exército teria que enfrentar, sem roupagem nem equipomento apropriado, todo o terrível rigor do inverno russo.
Soldados soviéticos operam por detrás das linhas alemãs. Empunhando suas armas automáticas, esperam que apareçam as unidades alemãs, para caírem sobre elas.
“A Rússia acabou”
Como conseqüência da rápida campanha realizada pelos exércitos alemães na frente soviética, rica em triunfos, e também diante da retirada quase ininterrupta das forças soviéticas, na Alemanha considerou-se que a operação militar chegava ao fim. Comunicados transbordantes de otimismo foram publicados, a esse respeito. Pela mensagem telegráfica que damos a seguir, tem-se uma idéia disso.
“Berlim, 9 de outubro de 1941. Uma onda de júbilo sem precedentes invadiu hoje a Alemanha, como resultado de uma série de notas oficiais que declaram categoricamente que a União Soviética deixou de existir como potência militar. Durante toda a manhã e a tarde, o povo recebeu uma quantidade de notas sensacionais. Todos os recursos da organização de propaganda alemã foram empregados para explorar, até os últimos limites, os acontecimentos registrados.
“O chefe da Imprensa do Reich, Otto Dietrich, reuniu os jornalistas, ao melodia, na grande sala do Ministério de Propaganda, e leu um comunicado especial do Alto Comando. Assinalou que a destruição dos exércitos soviéticos havia-se completado e que “A Rússia como potência militar estava acabada”. Não há dúvida, acrescentou, “que toda a frente russa foi destroçada”.
Um motociclista alemão avança por um terreno arado. Conduz para primeira linha um camarada que é portador de uma ordem urgente.
“Segundo declarou Dietrich, os russos adotaram o plano de campanha que mais convinha à Alemanha. “O exército russo, disse, escolheu em sistema de resistência e de luta em vez da retirada para os espaços vazios. Isto era exatamente o que nós queríamos, e os destruímos”. Admitiu que “foi uma luta dura”; que quando for escrita a história desta campanha, “ficará demonstrado que todo êxito é devido ao poderoso gênio do Fuehrer”.
Para Moscou
No dia 30 de setembro, as Divisões Panzer de Guderian se lançaram ao ataque, antecipando-se em dias à ofensiva principal. A investida insurpreendeu os soviéticos e, rapidamente, as colunas blindadas conseguiram internar-se para o nordeste. A Divisão Panzer 4, aniquilando as unidades russas que se interspuseram em seu caminho, dirigiu-se a toda a velocidade para a cidade de Orel e, num único dia, conseguiu penetrar mais de 130 km, em território inimigo.
No dia 2 de outubro, Guderian havia conseguido uma ruptura completa do dispositivo soviético. Os tanques de vanguarda da Divisão Panzer 4 alcançaram, naquele dia, a estrada pavimentada que vai para Orei e se deslocaram rapidamente para aquela cidade, sem encontrar praticamente nenhuma oposição. Na manhã do dia seguinte, penetraram inesperadomente em Orei, assegurando, assim, a posse deste centro vital de comunicações na rota de avanço para Moscou.
Soldados alemãs, comandados por um oficial, revistam uma cabana de camponeses russos
Sem dar descanso ao inimigo, Guderian dirigiu para oeste divisões Panzer 17 e 18, a fim de cercar as unidades russas localizadas sobre seu flanco, em torno da cidade de Briansk. Em 6 de outubro, os Panzer se apossaram daquela cidade e, três dias depois, estabeleceram contato com as unidades de. infantaria do II Exército de von Weichs. Três exércitos russos acabavam de ser cercados. Os soviéticos, porém, arremeteram violentamente a fim de romper o cêrco e iniciou-se uma batalha encarniçada.
Na noite do dia 6, caiu uma nevada temporã na frente de luta do Grupomento Panzer li e, apesar de sua curta duração, converteu os caminhos em imensos lamaçais, paralisando o avanço das colunas motorizadas. Somente os tanlues e veículos com lagartas podiam deslocar-se através das rotas barrentas. Foi êste o primeiro anúncio das terríveis dificuldades que logo haveriam de se apresentar aos exércitos alemães.
Caminhão alemão afunda, até o eixo, no barro.
Prosseguindo em seu ataque a Moscou, a Divisão Panzer 4 se deslocou pela estrada que corre para o nordeste, a fim de ocupar a cidade de Tula. Sua intenção, porém, foi frustrada por um violento contra-ataque russo. Grandes massas da infantaria investiram frontalmente contra as unidades alemãs e, simultâneamente, centenas de tanques T-34 lançaram-se de surpresa sobre seus flancos. Os velozes blindados russos demonstraram possuir uma nítida superioridade sôbre os tanques alemães e causaram grandes baixas na divisão. Totalmente desmoralizados, os alemães tiveram que ceder terreno. Pela primeira vez, desde o comêço da guerra, os “invencíveis” Panzer foram derrotados. Na grossa couraça do T-34 ricochetavam os projetis dos canhões antitanques de 47 mm e também os dos canhões curtos de 75 mm dos tanques Mark IV.
A batalha de Viasma
Em cumprimento às determinações do plano Tufão, o grosso das forças do Marechal von Bock iniciou, no dia 2 de outubro, a ofensiva sobre Moscou. O Grupamento Panzer III, de Hoth, e o Grupamento Panzer IV, de Hoeppner,ao norte e ao sul da estrada Smolensk-Moscou, avançaram rapidamente em direção à cidade de Viasma. No dia 7 de outubro, os duas pinças das colunas blindadas se fecharam sabre aquela localidade. Formou-se assim uma gigantesco bolso na qual ficaram cercados três exércitos russos.
Nesse mesmo dia, o Marechal von Brauchitsch, comandante-em-chefe do exército alemão, foi ao posto de comando do Marechal von Bock para estudar o desenrolar das operações. A situação se apresentava nitidamente favorável à Wehrmacht. Mediante urna série de impecáveis manobras, as unidades blindadas haviam cercado, em Viasma e Briansk, uma gigantesca massa de forças russas, criando, assim, a possibilidade de levar a cabo uma rápida penetração em direção a Moscou. Brauchitsch, por isto, resolveu prosseguir imediatamente no ataque à capital e ditou a respectiva ordem.
Um soldado alemão se aproxima de uma posição ocupada pelos soviéticos com uma granada já pronta.
Soldado russo em ação. Arrastando-se sobre o barro, estes soldados soviéticos se aproximam de uma posição alema. Levam granadas nas mãos.
As forças de infantaria do II Exército e parte do IV se ocupariam de completar o aniquilamento das unidades russas atoladas em Briansk e Viasma. Liberados dessa tarefa, os Grupamentos Panzer II, IV e III, apoiados pelo IX Exército e parte do lV, avançariam sem demora sobre Mascou, vindo do sul, do centro e do norte. Com esta tríplice penetração, o Alto Comando alemão se propunha envolver por completo a capital soviética e derrotar os últimos restos do exército soviético encarregado da defesa.
Um metralhador do exército alemão abre fogo contra um bosque no qual se ocultam forças russas.
“NOSSO EXÉRCITO DEVE GANHAR E GANHARÁ”
A proximidade dos exércitos alemães da cidade de Moscou mobilizou todos os recursos da União Soviética. Stalin, pessoalmente, dirigiu-se ao povo russo numa proclamação dramática, chamando-o para a luta sem quartel contra o invasor. A gravidade da situação pode ser deduzida dos termos da proclamação.
Este foi o discurso pronunciado por Stálin no dia 6 de novembro de 1941, no momento em que os exércitos alemães se aproximavam de Moscou:
A infantaria alemã avança, transportada por pesados tanques. A situação militar se apresenta favorável. Os russos, apesar da resistência, têm que se retirar.
“Nosso país foi atacado e invadido.. O inimigo planejou acabar conosco em um mês e meio e chegar aos Urais num tempo ainda menor. Os fatos têm demonstrado que este plano insensato fracassou por completo. O Exército russo, a Armada e as forças aéreas já têm enchido os rios com o sangue inimigo, mas o inimigo não deixa de levar para a frente reservas frescas, a fim de alcançar seu objetivo antes que chegue o inverno. Não há dúvida, no entanto, de que depois de quatro meses de guerra, a força do inimigo, que certamente foi calculada por excesso, vai declinando, enquanto que nossas reservas chegam agora em número crescente.
“Os invasores alemães confiavam em penetrar profundamente em nosso país depois da derrota inicial do exército russo, mas aqui os alemães se enganaram igualmente. O Exército soviético não tem ainda a experiência combativa dos alemães, pois nossas forças estão lutando somente há quatro meses, enquanto os alemães vêm lidando com a guerra há dois anos. O fato principal é, porém, que o moral do Exército russo está mais elevado do que nunca. Nosso Exército defende seu próprio país, enquanto o exército alemão é levado a uma guerra de agressão e de conquista. Em conseqüência, nosso Exército deve ganhar e ganhará.”
Paralisa-se o avanço
No momento em que as três grandes colunas blindadas iniciaram o ataque decisivo contra Moscou, desencadearam-se com furiosa intensidade as chuvas outonais acompanhadas por nevadas temporãs. O Grupamento Panzer II, de Guderion, atolado na lama da estrada Orel—Moscou, aprestou-se para reiniciar o avanço. Parte de suas fôrças se achavam ainda empenhadas na luta do cerco de Briansk, onde os russos continuavam lutando heràicamente. Finalmente, entre os dias 17 e 20 de outubro, capitularam os últimos restos dos exércitos soviéticos. Mais de 50 000 homens foram feitos prisioneiros. Ao norte, as tropas alemãs de infantaria conseguiram também pôr fim à resistência das tropas russas cercadas em Viasma. No dia 4 de outubro, renderam-se, no interior da gigantesca bôlsa, perto de 650 000 soldados. A retaguarda do Grupo de Exércitos Centro ficou assim limpa de forças regulares russas. Haviam, porém, aparecido já as primeiras unidades de guerrilheiros, cuja ação entorpeceu o trabalho do serviço de abastecimento.
Pequeno canhão alemão disparando incessantemente sobre as posições russas.
A chegada do “período da lama” teve funestas consequências para a Wehrmacht. Até a estrada pavimentada Smolensk—Moscou se converteu numa armadilha para as colunas mecanizados, pois o intenso tráfego de veículos e tropa acabou por desintegrar a capo de asfalto. Nos caminhos enlameados, os soldados afundavam até os joelhos e os caminhões e automóveis se enterravam até os eixos no lodaçal. Somente os tanques e veículos de lagartas podiam continuar avançando lentamente por esses rios de lama.
Atoladas no barro, as divisões se dispersaram e perderam centenas de veículos e milhares de cavalos. Tornou-se, portanto, impossível o transporte das peças de artilharia e das armas pesadas. O abastecimento de víveres, munições e combustíveis tornou-se cada vez mais difícil. Os soldados sofreram terríveis padecimentos e o esgotamento e a paralisação se estenderam por todas as unidades. Apesar de tudo, o Alto Comando permaneceu firme em sua intenção de alcançar Moscou antes da chegada do inverno.
As unidades Panzer, de Guderian, deslocando-se o uma velocidade máxima de 20 km por hora, deram início à penetração em direção à cidade de Tula. O primeiro ataque fracassou, diante da obstinada resistência dos russos. A estrada sobre a qual se desenvolvia o movimento se desintegrou logo debaixo do peso dos tanques e veículos. Os russos, além disso, explodiam todas as pontes e enchiam de minas amplos espaços de ambos os lados das estradas, para impedir a manobra de envolvimento.
Finalmente, no dia 29 de outubro, os tanques de vanguarda se aproximaram a poucos quilômetros ao sul de Tula. A tentativa de apoderar-se da cidade por um golpe de surpresa terminou em sangrenta derrota. As esgotadas tropas blindadas já haviam perdido o ímpeto combativo. Algumas unidades não recebiam nem sequer pão fazia mais de uma semana. Ao norte, os Grupamentos Panzer IV e III haviam conseguido abrir caminha com maior rapidez e se situaram sobre uma linha que ficava a menos de duas jornadas de marcha de Moscow. ,A meta já estava praticamente ao alcance da mão. Na capital soviética viviam-se horas de angústia. Stalin permanecia no Kremlin, mas a maior parte do governo havia partido para o leste. A povoação trabalhava febrilmente levantando barricadas e cavando valas antitanques. Todas as forças encarregadas da defesa se encontravam, desde o dia 14 de outubro, sob o comando do Marechal Zukov que, com inquebrantável energia, dispôs-se a enfrentar a última investida alemã.
Nas estradas poeirentas, a infantaria alemã prossegue em sua interminável marcha para o leste.
“A ÚLTIMA GRANDE BATALHA”
Proclamação de Hitler ao exército alemão, ao iniciar-se a ofensiva contra Moscou, em 2 de outubro de 1941 -
“Soldados da Frente Oriental! Preso da mais profunda inquietação pela existência e futuro do nosso povo, resolvi, em 22 de junho, apelar diretamente a vós a fim de nos adiantarmos ao ataque que nos ameaçava no último momento. Era intenção do potentado do Kremlin, como bem o sabemos, destruir não somente a Alemanha, mas toda a Europa.”
Entrincheirados atrás de pequenos montes de lodo, os soldados russos enfrentam o ataque alemão. Um soldado ferido é atendido por um camarada.
“Soldados: quando, em 22 de junho, convoquei-os para afastar o terrível perigo que ameaçava, os nossos lares, vós vos encontrastes diante do maior poder militar de todos os tempos. No entanto, em três curtos meses, graças a vossa valentia, meus camaradas, conseguistes destruir, uma depois da outra, as brigadas blindadas do inimigo, exterminar uma infinidade de divisões, fazer inúmeros prisioneiros e ocupar espaços incomensuráveis.”
“Em poucas semanas, os três distritos industriais vitais dêste inimigo estarão totalmente em vossas mãos. Vossos nomes, soldados das forças armadas alemãs, e os nomes de nossos valentes aliados, os de vossas divisões e regimentos, de vossos navios e vossas esquadras aéreas, ficarão ligados para todo o sempre às mais gigantescas vitórias da história universal. Fizestes mais de 2 400 000 prisioneiros, com a destruição ou captura de mais de 17500 tanques, mais de 21600 canhões, derrubando ou destruindo em terra 14200 aviões. O mundo nunca viu nada semelhante.
“Nesses três meses e meio, meus soldados, assentaram-se as bases para o último e gigantesco esforço destinado a esmagar o inimigo antes que sobrevenha o inverno. Já foram realizados todos os preparativos necessários, dentro do que é humanamente possível. Tudo foi preparado sistematicamente, passo a passo, para levar o inimigo a uma situação que nos permita assentar-lhe o mais demolidor dos golpes. Começa hoje a última grande batalha decisiva deste ano.”
“O que vós e as tropas aliadas haveis realizado nos impõe a mais profunda gratidão a todos. Prendendo a respiração, a pátria toda os acompanhará com suas bendições nos graves dias do futuro. Com a ajuda de Deus, vós lhe dareis não só a vitória, como também a mais importante condição prévia para a paz.”
Adolf Hitier
Fuehrer e Comandante Supremo
das Forças Armadas
O ataque final
Na noite de 3 de novembro de 1941, caíram as primeiras geadas no frente de luta de Moscou. Sobre os comi- nhos, formou-se então uma firme coberta de gelo que permitiu a aceleração do avanço alemão. O Marechal von Bock ordenou imediatamente às suas fôrços: recomeçar o ataque com o máximo de ímpeto possível, Na ofensiva final, os Grupamentos Panzer III e IV deviam avançar em direção ao canal do Volga,.a fim de envolver Moscou pelo norte. Exército, do Marechal von Kluge, levaria a cabo a ataque frontal com a capital e, pelo sul, os tanques Guderian completariam o cerco. A proteção dos gigantescos e expostos flancos da cunha alemã ficaria a cargo dos Exércitos II, ao sul, e IX, ao norte.
Nos arredores da capital moscovita, milhares de meninos, adolescentes e mulheres cavamtrincheiras de defesa antitanques. Vemos aqui um numeroso grupo dedicado à tarefa de preparar uma profunda vala que imedirá a passagem dos veículos blindados. A população de Moscou defendeu até o último alento a velha cidade...
Guderian reiniciou o ataque cor Tula, deslocando o centro de gravidade para o leste, a fim de atacar pelos flancos as poderosas unidades russas entrincheiradas em frente à cidade. No transcurso da manobra os alemães foram inesperadamente atacados no flanco direito por numerosas divisões de infantaria e cavalaria soviéticas, apoiadas por uma brigada de tanques. Após duros e violentos combates, os blindados alemães conseguiram pôr em retirada os russos. O avanço para Tula prosseguiu, então, em meio de permanentes tempestades de neve. No dia 13 de novembro, a temperatura desceu a 22 graus abaixo de zero, o que provocou terríveis sofrimentos às tropas desprovidas quase por completo de roupas de inverno. No dia 15 de novembro, o Grupomento Panzer III se lançou ao ataque no norte, apoiado por parte das forças do IX exército. No dia seguinte, aderiu à ofensiva o Grupamento Panzer IV. O avanço de ambas as forças blindadas logo perdeu o impulso diante da inflamada resistência dos russos e os efeitos desastrosos do frio sobre homens, armas e veículos. As unidades Ponzer conseguiram, porém, abrir caminho em direção ao canal do Volga, ao norte de Moscou. Os tanques de Guderian continuavam, porém, sustentando violentos combates em tôrno de Tula, A cidade permanecia firme nas mãos dos russos. As tropas alemãs eram submetidas a incríveis penúrias. Apesar dos insistentes pedidos dos chefes dos diferentes exército e do Alto Comando. Hitler não autorizara a tempo a provisão de agasalhos para os soldados. O resultado desta estúpida atitude foi desolador. Providos de simples uniformes de algodão, os infelizes soldados de infantaria viram-se submetidos a temperaturas de até 40 graus abaixo de zero nas planuras cobertas de gelo e neve. Milhares de homens morreram congelados.
As perdas de veículos também foram desastrosas. A gasolinba se congelava nos tanques de combustível e os caminhões e blindados só podiam ser postos em movimento acendendo-se fogo debaixo dos motores. As miras de pontaria dos canhões, ofuscados pelo gelo e as metralhadoras se enguiçaram, O poder de fogo das unidades reduziu-se, assim, radicalmente. Apesar dessas terríveis dificuldades, os alemães prosseguiram ainda avançando lentamente. A leste de Tulo, os blindados de Guderian conseguiram penetrar em direção a Moscou, sustentando encarniçados encontros com os soviéticos. No dia 17 de novembro, uma divisão de infantaria conseguiu conter um violento contra-ataque de tropas siberianos russas, mas foi logo derrotada por uma fulminante investida dos tanques T-34. Tomados pelo pânico, os soldados do infantaria alemã bateram em desordenada retirada. Guderian, profunclamente abatido, compreendeu que a capacidade combativa de suas tropas havia chegado ao fim. Uma de suas brigadas, que devia contar com 600 tanques, havia ficado reduzida a 50 blindados avariados.
Estas circunstâncias não conseguiram, porém, levar o Alto Comando a deter o ataque. Moscou estava já a poucos quilômetros, e tinham que jogar tudo no última cartada. Finalmente, em 23 de novembro, Guderian foi ao posto de comando do Marechal von Bock, a fim de solicitar-lhe que pusesse fim ao avanço. O Grupamento Panzer II havia chegado já ao limite da sua capacidade de luta e enfrentava uma oposição cada vez mais violenta por parte dos russos.
Von Bock pôs-se imediatamente em comunicação, por telefone, com o Marechal Brauchitsch para pedir-lhe que determinasse a detenção da ofensiva sôbre Moscou. Brauchitsch, porém, recusou o pedido e ordenou de forma categórica que Guderian prosseguisse no ataque. A última esperança de evitar a iminente catástrofe foi frustrada.
Em volta de Moscou, luta-se encarniçadamente. A capital se converte no ponto de concentração das tropas que marcham para a frente de luta.
A Wehrmacht é derrotada
Envoltos nas tempestades de neve que os cegavam, os exércitos alemães tentaram, em fins de novembro, um último esforço para alcançar Moscou. Uma divisão Panzer conseguiu abrir caminho até a localidade de Krasnaia-Polnaia, situada a 22 quilômetos da capital. Guderian, por sua vez, continuou avançando para o norte e, em 27 de novembro, uma de suas divisões conseguiu situar-se a poucos quilômetros ao sul da cidade de Kashima, próximo de Moscou. Este foi o ponto extremo da penetração do Grupamento Panzer II.
O Exército Vermelho contra-ataca. Apoiados pelos velozes tanques T-34, os soldados da infantaria soviética assestam duros golpes nas esgotadas forças da Wehrmacht.
No dia 28 de novembro, Guderian recebeu ordem do Alto Cornanda para completar a conquista de Tula por meio de uma manobra de cerca. Rapidamente se realizaram os preparativos para a operação. As divisões, esgotadas e dizimadas pelo frio e pelas contínuas lutas, aprontaram-se, na madrugada de 2 de dezembro, para realizar o ataque. A neve caia sem interrupção e a temperatura havia descido para 35 graus abaixo de zero. De príncipio, as divisões Panzer III e IV surpreenderam os russos e conseguiram abrir caminho em direção a Tula. O avanço progrediu lentamente através de caminhos cobertos de neve e em meio a contínuas tempestades. Pouco a pouco, o ataque foi perdendo ímpeto. As tropas esgotaram suas últimas forças e os veículos ficaram sem combustível. O esperado apoio do IV exército, do Marechal von Kluge, que devia vir do oeste, não chegou. Ao norte e na retaguarda, grandes massas de infantaria e tanques soviéticos ameaçavam envolver as forças de Guderian. A temperatura havia descido para 50 graus abaixo de zero.
Ao cair da noite, em 5 de dezembro de 1941, o general Guderian tornou uma revolução extrema. Pela primeira vez desde o início da guerra, ordenou a seus tanques que empreendessem a retirada. Com sua heróica e encarniçada resistência, os soviéticos haviam conseguido o que até então parecia impossível. A Wehrmacht fora derrotada. No dia seguinte Bock, com a aprovação do Marechal Brauchistch, comandante em chefe do exército, emitiu a ordem de suspender o ataque a Moscou. Era a ocasião que Zurov esperava. Sem perda de tempo, ordenou aos exércitos soviéticos que se preparassem para lançar o contra-ataque.
Os Panzer foram derrotados. Um soldado de cavalaria, russo, passa junto aos restos de um tanque alemão coberto de neve. A foto constitui um símbolo do desastre alemão.
Um soldado alemão, capturado por uma camponesa, entra em um povoado soviético. É conduzida por sua captora que o vigia com uma forquilha. as mulheres russas, tanto na frente quanto na retaguarda, lutaram sem descanso.
Missão em Moscou
Tal como havia sido decidido por Chirchul Roosevelt em suo entrevista nas costas de Terra Nova, em setembro de 1941, Lord Beaverbrooke e Harriman partiram a bordo do cruzador britânico London para a Rússia.
Soldados de infantaria alemã tentam desesperadamente tirar de seu acampamento as grandes peças de artilharia afundadas até os eixos.
A chegado dos helicopteros aliados ocorreu pouco depois do porto de Arkangel, no porto de Mar Ártico. Dali se dirigiram imediatamente a Moscou, por via aérea, chegando à capital no dia 28 de setembro. A recepção dos soviéticos não foi calorosa, pois a negativa de Churchill sobre a abertura de uma segunda frente foi interpretada por Stalin como ato inamistoso. No dia seguinte à chegada, os dois delegados encontraram-se com o dirigente russo. Este mostrou-se cordial na recepção de ambos os ernbaixadores. Em reuniões posteriores produziram-se ásperas mudanças de opiniões que chegaram a converter-se em inesperados choques verbais. Stalin, então, declarou-se achar-se satisfeito com os resultados obtidos na conferência.Molotov, no discurso que encerrou as conversações, expressou o profundo agradecimento dos russos aos norte-americanos e ingleses e assinalou que o trabalho realizado permitia vislumbrar a vitória final sobre Hitler.
O resultado concreto foi a assinatura de um acordo pelo qual fixavam-se as quantidades e tipos de abastecimento que os aliados enviariam União Soviética, no período compreendido entre o dia 1º de outubro de 1941 e 1 de junho de 1942. Os materiais citados no tratado incluíam aviões, em número de 400 mensais, tanques (500 por mês) canhões antitanques e antiaéreos caminhões e veículos blindados e matérias-primas como alumínio, cobre, níquel, magnésio, petróleo. borracha, etc.
A promessa de ajuda dos aliados à Rússia foi concretizada nos momentos mais críticos para esta última. No dia 2 de outubro as forças da Wehrmacht iniciavam sua ofensiva final contra Moscou. Em meio à catástrofe, o compromisso aliado de reforçar a União Soviética não podia ser mais oportuno. A rádio de Moscou, no dia 14 de outubro de 1941, anunciou-o maneira:
Civis russos regressam a um povoado que acaba de ser libertado pelas forças soviéticas. Os civis, verdadeiras vítimas da guerra, encontram tudo destruído.
”Enquanto milhares de alemães morrem nos bosques de Briansk, centenas de aviões britânicos devastam Nuremberg... Abastecimentos militares nos são enviados pela Grã-Bretanha através dos oceanos... Os Estados Unidos constroem 5000 aviões por mês... O tempo é nosso aliado...”
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