quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

RELATOS DE STALINGRADO


ostov - URSS, 17 de Junho de 1944          

Querida Sonja

Eu não me imaginava escrevendo esta carta para você. Principalmente depois das horas de desespero, medo, angústia que eu vivi. Nunca presenciei uma batalha tão cruel e magnânima quanto essa em Stalingrado! Mas com certeza valeu a pena para o bem da Mãe Rússia e de Stalin. Vivi momentos horríveis de tensão, principalmente na nossa travessia pelo rio Volga, onde meus camaradas se juntaram em pequenas barcas com nossos oficiais proferindo palavras de incentivo e cartas de familiares que mandavam total apoio à nossa vitória contra as frotas nazistas. Nessa travessia, podia-se ver de longe, a cidade de Stalingrado se iluminando com o flash das bombas, morteiros, rojões e tiros do confronto de nossas tropas vermelhas contra os desprezíveis de Hitler. No momento da passagem, achei que fosse morrer, pois conseguia enchergar vindo em nossa direção, aviões alemães com suas poderosas metralhadoras e bombas tomando como alvo as nossas barcas. Milhares de soviéticos morreram só nessa passagem. Mas eu consegui me salvar colocando os corpos sem vida de meus companheiros por cima de mim e as balas não foram capazes de atravessá-los e assim me atingir. Tirando essa estratégia, levar meu pensamento para casa, para você e para o nosso filho, foi o que me manteve vivo e forte nessa hora complicada.

Chegando no porto de Stalingrado, totalmente destruído e judiado pelas consequências da guerra, onde milhares e milhares de feridos e mortos tingiam o rio de vermelho, fui designado para um setor onde eu receberia as minhas ordens. Entrei numa fila que despertou dentro de mim uma claustrofobia que médico algum jamais conseguiria diagnosticar. Fui sendo empurrado até que meu superior me entregou nada mais do que somente um pente com 5 balas. Não recebi meu rifle, muito menos uma pistola. Somente um pente com 5 balas. Mais uma vez você veio à minha cabeça e seu sorriso mágico fez o que nenhum outro incentivo conseguiu. Graças a ele, cheguei à Praça Vermelha de Stalingrado, sem um ferimento à bala. Estava vivo, graças a você, quem me faz querer estar vivo para poder voltar aos seus braços denovo. Conseguimos chegar à Praça Vermelha e a situação era a seguinte: Eu com meus camaradas de um lado da praça, e os cães nazistas de Hitler do outro lado. Ordens vindas direto da capital Moscow era de recuperar a cidade a todo custo, pois era o caminho mais fácil para o petróleo do cáucaso, então era dar a sua vida para ter esse terreno de volta, porém, por enquanto, era necessário esperar.

Nessa espera, conheci outro soldado raso chamado Yuri, um ex-fazendeiro da cidade de Poltava na Ucrânia. Ele me contou um pouco de sua vida, falou da sua pequena fazenda, do seu pequeno gado, da sua pequena vida simples. Aí eu percebi que era isso que eu queria ter quando acabasse essa guerra desgraçada. Quero deixar tudo que eu tenho aí em São Petersburgo e ir com você e nosso filho para o interior e criar o nosso gado, ter as nossas plantações e viver um vida relaxada, uma vida de refúgio. Enquanto ele falava do seu filho, uma forte explosão ao lado do nosso esconderijo interrompeu o assunto pela metade e tivemos que ir para a luta. Vários tanques nazistas nos esperavam do outro lado, mas não nos deram opção. A política stalinista era: Ou vai para a luta, ou morre. Vi vários companheiros meus fugindo dos nazistas e sendo recebidos pelos próprios soviéticos à bala. Era uma crueldade, mas os desertores precisavam morrer. Preparamos uma emboscada entrando nos prédios ao redor da praça a procura de explosivos eficientes para poder destruir os tranques, pois balas de rifle e metralhadoras não seriam suficientes. Não achamos explosivos, mas conseguimos detectar um rádio o qual usamos para nos comunicar com a central do outro lado do rio Volga e assim requisitar um bombardeio à praça. Feito isso, bombas caíram sobre o céu justamente em cima dos tanques hitleristas e assim conseguirmos retomar a praça. Infelizmente a partir daí, não consegui mais encontrar Yuri.

Após a tomada da praça, realmente pensei que iria voltar para casa, mas nosso superior veio com a terrível notícia de que um grupo muito grande de soldados alemães se instalaram em um hotel no centro de Stalingrado e era somente aquilo que nos impedia de re-conquistar a cidade. Fomos para lá, num grupo de mais ou menos 50 soldados para tentar expulsar os ratos desgraçados de dentro das nossa Mãe-Rússia. Foi terrível, pois o frio já chegava a -22ºC e somente uma vela e uma foto sua  junto com todas as lembranças me esquentavam à noite, enquanto só se ouviam tiros e explosões ao nosso redor. Passou-se 4 dias de cerco e os alemães, numa corrida desesperada por comida e água, tentaram fugir do hotel. Nessa corrida pela vida, muitos morreram, e outros ficaram dentro do edifício, preferindo esperar a morte à morrer lutando. Nosso sargento Vasili teve a brilhante idéia de explodir o hotel. Pegamos cerca de 50 kg de explosivos e os colocamos no nos pilares de suporte. Em menos de 20 segundos, este enorme hotel foi abaixo, levando consigo, a vida dos soldados que alí estavam.

Logo após essa operação, Vasili subiu em um palanque improvisado e proferiu as seguintes palavras: "Camaradas da nossa amada Mãe-Rússia. Aqui se encerra um período longe e negro da história de nosso País. Um período de intensas batalhas para a retomada de nosso terrítorio. Vocês, soldados, foram a peça chave para que os desgraçados de Hitler não entrassem em nosso território, rumo à nossa capital. Vocês protegeram com unhas e dentes a vida de milhões e soviéticos e essa gratidão nunca será esquecida. Os soldados aqui presentes serão enviados para casa e os outros irão rumo à Berlim, acabar com essa guerra de uma vez por todas!"

Após essas palavras, gritos ensurdecedores foram ouvidos por toda Stalingrado e vários trens partiram imediatamente para a cidade que aqui estou, Rostov. Estou deitado em uma cama de hospital, me recuperando de meus ferimentos e escrevendo esta carta para você, como uma forma de tranquilizá-la. Estou voltando para casa e novamente para os seus braços. Vamos poder, finalmente, ter a nossa sonhada lua de mel e poderemos cuidar do nosso filho juntos. Me desculpe por esses anos e anos de ausência, mas eu estava me sacrificando para ajudar o nosso país e assim proteger os nosso cidadãos e inclusive a nossa família. Fui para essa guerra com poucas coisas na cabeça: Você, nosso filho, nossa família e nossa vida inteira juntos. Foram poucas coisas, mas coisas que me mantiveram vivo esse tempo todo.
Estou voltando pra casa!
Com amor




                                                                                                      Anatolli Ieloslav

                                                     

3 comentários:

  1. Que estranho, parte desse relato coincide com o que acontece no começo do filme Círculo de Fogo (sobre a história do atirador russo Vassili Zaitsev). Merca coincidência?

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    1. Amigo, em vários momentos Call of duty retrata acontecimentos reais, outro momento é a casa de pavlov que foi real também.

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  2. PODE SER Q SIM OU NAO MAS SO SE FOR POR PARTE DO FILME POIS O Q INTERESSA MEU AMIGO E Q ACONTECEU SIM NA SEG GUERRA FOI BOA A TUA COLOCAÇAO PARABENS

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