segunda-feira, 15 de outubro de 2012

AVIAÇAO ALIADA GOLPEIA SEM TREGUA NA LUTA DOS CEUS DA EUROPA

A Aviação Aliada golpeia sem trégua

Guerra Aérea sobre a Europa

No dia 27 de dezembro de 1943 o general americano Arnold, um dos chefes da força aérea aliada na Europa, dirigiu aos comandantes gerais das 8a e 15a forças aéreas, a seguinte mensagem:
a) As fábricas de aviões dos Estados Unidos estão entregando grandes quantidades de aviões, motores e acessórios.
b) Nossos estabelecimentos de adestramento funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, treinando tripulações.
c) Estamos em vias de providenciar todos os aviões e tripulações necessários para compensar os desgastes.
d) É ponto pacífico que Overlord e Anvil não serão possíveis, a menos que se destrua a força aérea alemã.
e) Portanto, minha mensagem pessoal a vocês - que é uma ordem - é: "Destruir a força aérea alemã, em qualquer lugar em que se encontre, no ar, na terra e nas fábricas".

Esta foi a mensagem de Ano Novo que o General Arnold dirigiu a Doolittle e Twining.

Na frente da Itália, os Aliados ostentavam uma nítida superioridade aérea que se acentuava dia a dia, porém a iminência da operação Overlord fez com que a Itália fosse considerada uma frente secundária, e que a maioria dos recursos disponíveis fossem concentrados para garantir o êxito da nova campanha. No começo de 1944, foi criada a força aérea aliada do Mediterrâneo, dirigida pelo General Eaker.

Este efetivo participou na primeira empreitada em grande escala destinado a quebrar a resistência ao desembarque de Anzio.

Cortou as linhas de comunicação que conduziam à zona de batalha, amaciou defesas e, apesar da distância de suas bases, ofereceu eficaz proteção aos desembarques. Porém as condições meteorológicas do inverno não facilitaram, em geral, as incursões. A grosso modo, podemos dizer que as missões fundamentais foram: a proteção da perigosa cabeça-de-praia de Anzio e o começo dos ansiosamente esperados ataques às fábricas alemães.

Algumas operações aéreas atraíram uma atenção que não coincidiu, porém, com a sua real importância militar.

Essas operações, a destruição da abadia beneditina de Monte Cassino e a do cidade de Cassino, foram inclusive feitas contra a opinião de homens como Eaker e Clark, e deixaram um amargo saldo, pois constituía o uso incorreto de uma arma. Na verdade, os efeitos foram negativos, pois os fragmentos de alvenaria e as crateras contribuíram para demorar o já lento avanço dos Aliados e para aumentar a eficácia dos defensores.

Ao chegar a primavera, as operações cresceram em intensidade, favorecidas pelo clima mais ameno. A necessidade de forçar a linha Gustavo determinou o nascimento da operação "estrangulamento" que era um ataque destinado a destruir as comunicações inimigas. Depois de muitas discussões entre diversos pontos de vista, sobre se deviam bombardear principalmente as pontes ou os pátios de manobras ferroviárias, decidiu-se atacar todos os elementos do sistema ferroviário tais como: pontes, túneis, estradas, material rodante e oficinas.

"Estrangulamento" começou oficialmente a 19 de março e seu sucesso foi crescendo paulatinamente à medida que a precisão dos bombardeiros e caça-bombardeiros aliados aumentava. Isto fez com que os alemães dependessem cada vez mais dos transportes motorizados, o que retardou enormemente o seu sistema de abastecimentos.

No dia 4 de junho, os Aliados haviam chegado a Roma e a retirada alemã foi acelerada, começando, assim, a se desorganizar. Enquanto isso, o poderio aéreo aliado praticamente dominava os céus. Salvo alguns combates com uns poucos aparelhos italianos treinados na Alemanha, os aviões da Força Aérea do Mediterrâneo não encontravam resistência no ar. Os alemães tiveram que depender quase exclusivamente dos forças antiaérea, poderosamente reforçadas, a tal ponto, que nos comunicados de baixas, os aviões alemães caídos eram menos que os aparelhos aliados, simplesmente porque a quantidade de aviões em combate era muito menor.

A retirada das divisões alemães para o Reich começou a 23 de janeiro de 1945 e, a partir desse momento, a força aérea aliado intensificou seus esforços para impedir o trânsito pelas rotas que atravessavam os desfiladeiros alpinos. Essas operações foram interrompidas a 2 de maio de 1945, quando ocorreu a rendição total.

Enquanto isso, a aviação aliada realizara operações estratégicas apoiando o avanço russo que desalojou os alemães da Romênia, Bulgária, Grécia, Iugoslávia e parte da Hungria. Nestas frentes a força aérea encontrou o inconveniente de cooperar com um aliado que não permitia o estabelecimento de nenhum sistema real de comunicação ou de uma linha de bombardeio determinada racionalmente.

Na estratégia do bombardeio aéreo, os americanos tropeçaram com outro inconveniente: os aviões. Apesar do poder defensivo ostentado pelos aparelhos B-17 e B-24, os alemães intensificavam a construção de caças e isso, agregado à eficácia da defesa antiaérea, fazia com que cada incursão custasse um preço muito alto aos Aliados.

Durante algum tempo, devido em parte às condições atmosféricas desfavoráveis, decidiu-se que o solução seria o bombardeio com instrumentos ou bombardeio às cegas. Houve, inclusive, grandes pressões em Washington para levar avante essa teoria.

O bombardeio às cegas desperdiçou muitos esforços, porém, talvez se justifique, supondo que o pensamento dos altos-comandos era: "é preferível bombardear às cegas, sem garantia de acertar no objetivo, do que não poder golpear o inimigo".

Uma experiência mais frutífera foi a de aumentar o raio de ação dos caças da escolta. Os engenheiros haviam fracassado várias vezes, tentando criar um tipo de caça protetor com grande raio de ação. Então, resolveu-se aumentar as possibilidades dos já existentes. Assim, aos P-38, P-47 e principalmente ao P-51, foram agregados tanques adicionais para aumentar suas horas de vôo. Desta forma conseguiu-se equilibrar a superioridade dos caças interceptores alemães, embora ainda tivessem que transcorrer alguns meses antes de se contar com suficiente quantidade de aviões que significassem uma proteção adequada.


"Pensei que o "Super-Homen" estava do nosso lado..."

Os alemães tentavam intensificar os aperfeiçoamentos nos seus novos aparelhos.

Um B-25 que voava sobre a Alemanha, integrando uma formação cerrada, viu, de súbito, que do alto, um bólido se lançava sobre a esquadrilha. Executava mergulhos mortíferos. Pouco depois, vários bombardeiros caíam envoltos em chamas. Tanto os aviões-escolta como a artilharia dos próprios bombardeiros eram impotentes para detê-lo. Num dos mergulhos, o bólido avariou um dos motores do B-25; no seguinte avariou o outro. - Ei! - gritou um dos tripulantes ao comandante - pensei que o Super-Homem estava do nosso lado!

Era o Messerschmit 262, um projeto que os alemães haviam abandonado em 1942, e que voltava a ganhar atualidade nos primeiros dias de 1944. E o Me-262 não era o único. Junto com ele, outros projetos de Arado, Heinkel, Focke Wulf etc., esperavam sua vez para aparecer. Por sorte para os Aliados, todas essas iniciativas tropeçavam no autoritarismo de Hitler, que achava que se deviam produzir bombardeiros para missões de represália.

Este projeto seria enviado também ao Japão, porém sua realização demorou muito e os primeiros protótipos ficaram prontos somente quando a guerra já chegava ao fim.

Na Inglaterra, a necessidade de soluções rápidas que pudessem deter as V-1 e V-2 intensificara os trabalhos para a fabricação de um interceptador a jato; era o Goster Meteor que também fez seu aparecimento ao apagar das luzes da guerra.

Quer dizer, portanto, que a Alemanha tinha nessa iniciativa vários meses de vantagem sobre as outras potências, porém a atitude de Hitler retardou a concretização do projeto até, finalmente, ser demasiado tarde.

A grande semana

Os esforços para destruir o potencial aéreo alemão culminaram em fins de 1943 (novembro) no planejamento de um ataque maciço contra uma dezena de fábricas que produziam aparelhos de caça ou peças para os Me109 e 110, Ju-88 e 188 e Fw-190. Este plano se denominava Argument e seria aperfeiçoado mais tarde com ataques complementares. Para a realização desse programa se requeriam pelo menos meia dúzia de dias de céu limpo. Estas condições apareceram em fevereiro de 1944. A 19 de fevereiro, o comando da Força Aérea Estratégica americano na Europa (um novo organismo que, sob o direção do General Carl Spaatz, coordenava a ação aérea em todas as frentes de luta) programou as primeiras missões para o dia seguinte e, em menos de uma semana, registraram-se mais de 3.800 saídas. Os resultados nunca puderam ser totalmente comprovadas, mas, evidentemente, foram importantes.

Embora a produção alemã de caças, apesar de tudo, tenha aumentado no transcorrer de 1944, não chegou a alcançar os níveis previstos.

A Grande Semana custou à força aérea 226 bombardeiros pesados e 28 caças, porém as perdas alemães foram maiores e, a partir de então, a Luftwaffe perdeu a prioridade no ar. A Grande Semana era o começo de uma série de ataques contra centros vitais, porém esse projeto estaria subordinado às necessidades operacionais. Isso quer dizer que a força aérea teria que colaborar ativamente para o êxito de operações como Overlord e depois concentrar seus esforços no ataque de objetivos de interesse geral.

Os ataques a fábricas de combustível sintético, comunicações e, depois, às fábricas de aviões a jato, foram intensificados depois do Dia D. A quantidade de incursões empreendidas pelos tripulações originou sérios problemas psíquicos entre seus membros e inclusive foram apresentadas denúncias acusando algumas delas de buscar, deliberadamente, refúgio em países neutros como a Suécia e a Suíça. Esses casos aconteceram e foram minuciosamente investigados, pois, evidentemente, sua difusão poderia ter conseqüências desastrosas.

Em setembro de 1944 as esperanças há longo tempo alimentadas do término breve da guerra desapareceram. Então tornou-se necessário intensificar os ataques à indústria alemã. Uma teoria foi tomando corpo: a de atacar as cidades alemães para quebrar sua resistência moral. Essa teoria, atribuída ao Marechal-do-Ar Sir Arthur Harris, foi contestada por Arnold, Spaatz e outros chefes.

Estes achavam que esta teoria era contrário aos seus princípios do bombardeio de precisão. A sua preocupação com a opinião pública americana e alemã e do que diria a "História", contrasta com a determinação com que se aplicou contra o Japão o bombardeio de zonas e, segundo alguns observadores, "seria interessante especular sobre se a prática aplicada na guerra do Pacífico não foi responsável pela mudança de política em relação à Alemanha, ocorrida nos meses que se seguiram ao fim da guerra".

Para apoiar a Resistência

Manter o espírito e o contato com elementos patrióticos e clandestinos que se negavam a aceitar a derrota foi um dos importantes objetivos para a força aérea aliada em todo o transcorrer da guerra. Era necessário alentar os focos de resistência, fazer com que se organizassem de maneira eficiente e deles obter dados muito úteis relacionados com o continente ocupado pelo inimigo. Suas tarefas consistiam em entregar cargas (canhões, munição, explosivos, medicamentos e outros elementos de importância da guerra de guerrilhas) vindas de bases da Grã-Bretanha, África ou Itália, aos maquis na França e aos grupos de resistência dos Bálcãs e da própria Itália. Às vezes, junto com as cargas, iam Joes (agentes) ou, ocasionalmente, alguma Jane (agente feminina). Um dos trabalhos mais complexos consistia no resgate de agentes que tinham terminado sua missão, de aviadores aliados obrigados a aterrissar ou que caíam em território inimigo, prisioneiros de guerra fugidos ou componentes dos grupos de resistência feridos...

O êxito de todas essas operações dependia do estabelecimento de boas ligações para coordenar a ação da resistência e os planos aliados. Estes eram, em geral, os objetivos que atingiam por intermédio de agentes lançados de pára-quedas ou que aterrissavam na retaguarda do adversário. Agentes dedicados à sabotagem ou à espionagem, organizadores de grupos clandestinos, observadores meteorológicos, operadores de rádio, unidades de resgate de tripulações aéreas e missões militares formavam a maioria dos "corpos" transportados pelos aviões dedicados a missões desse tipo.

O resgate era uma operação muito mais complexa. A viagem de regresso do Europa Ocidental ou da Polônia era extremamente difícil.

Embora faltem estatísticas completas, o número de feridos e outros tipos de refugiados retirados dos Bálcãs, no período que vai de 1o de abril de 1944 a 30 de abril de 1945, foi de, aproximadamente, 19.000. O resgate de tripulações aéreas a cargo de todos os organismos que funcionavam no Mediterrâneo chegou a seu ponto culminante em setembro de 1944, embora agosto tenha sido o mês mais intenso para os aviões de tarefas especiais. Somente em setembro, aparelhos B-17 retiraram da Romênia, no curso da operação Reunião, mais de 1.000 americanos; essas mesmas unidades resgataram da Bulgária cerca de 300 aviadores aliados. Até 1° de outubro de 1944, conseguiu-se resgatar dos Bálcãs um total de 2.694 aviadores aliados. Deste número, 1.088 provenientes da Iugoslávia, 46 de Creta e 11 da Albânia. Durante o período transcorrido entre 1o de janeiro e 30 de abril de 1945, os aviadores de tarefas especiais resgataram da Iugoslávia e Albânia 310 aviadores aliados.

Como diria Frank Creven: "Com organismos, equipamento e técnicas especiais adaptadas aos seus problemas operativos peculiares, as unidades dedicadas ao apoio aéreo dos movimentos de resistência adquiriram um certo caráter que os diferençou das unidades de combate normais". E ainda: "As medidas de segurança, que cercavam suas atividades de anonimato, enquanto que as cumpridas pelos caças e bombardeiros enchiam as manchetes dos jornais, acentuavam ainda mais a diferença".

O lançamento de panfletos por meio de aviões foi um dos meios novos de se combater na Segunda Guerra Mundial. Esse método de manejar a informação e proporcioná-la a amigos e inimigos em zonas ocupadas foi adotado em todos os teatros de operações. Em todas as zonas européias e também no Pacífico, aviões aliados lançaram milhões e milhões de panfletos no decorrer de milhares de incursões.

Os britânicos, no seu jargão militar, denominaram nickels (moeda estadunidense de cinco centavos) a estes panfletos e nickeling ao processo de lançá-las de aviões.

As operações nickeling iniciadas pela Inglaterra tiveram sua origem numa pequena missão levada a cabo pela RAF sobre Kiel na noite de 3 para 4 de setembro de 1939. Quatro anos mais tarde, em agosto de 1943, a Oitava Força Aéreo começava a participar dessa forma de guerra psicológica e, até 6 de junho de 1944, lançara 599.000.000 de panfletos sobre o continente.

O total de panfletos lançados foi, aproximadamente, 5.997.000.000.

Lutando com o "camarada"

A possibilidade de cooperação com a Rússia em assuntos aéreos já fôra tentada com êxito irregular por americanos e britânicos.

Em geral, as coisas não foram bem, embora a propaganda interessada as enaltecesse e, em muitos filmes, fosse focalizada quase como uma irmandade aérea anglo-russo-americana.

Os principais problemas que afetavam as forças aéreas eram a obtenção de bases para a 15a Força Aérea mais perto de Viena e Budapeste, o estabelecimento de uma linha de bombardeio e de estações de radar no território ocupado pelos soviéticos. A vantagem de sediar grupos da força aérea anglo-americana na Áustria e na Hungria, era considerável: os Alpes deixariam de ser um obstáculo ao bombardeio da Alemanha, as distâncias de vôo seriam muito menores e se poderiam salvar maior número de aviões avariados e tripulações esgotadas. Na conferência celebrada pelos altos chefes da Aeronáutica, em Cannes, em fins de novembro de 1944, o projeto recebeu uma calorosa acolhida. Porém os soviéticos, com os quais discutiu-se o tema, demonstraram uma indiferença quase hostil. O assunto ficou paralisado e, inclusive, chegou-se a supor que os russos não tinham nenhum interesse em ver aumentado o poderio aéreo aliado na Europa.

Como os chefes militares não haviam resolvido nada com referência ao assunto das bases em Viena e Budapeste, o Presidente Roosevelt conversou a respeito com Stalin, na Conferência de Ialta. A 12 de fevereiro de 1945, surgiram notícias sobre um "acordo de alto nível". De qualquer modo, passou-se um mês antes de que se pudesse convencer os soviéticos. Finalmente, em meados de março, o General Eaker recebeu autorização para efetuar um giro pela Hungria oriental e escolher uma base aérea em Debrecen. Porém Eaker não pôde nem sequer obter permissão para ir a Moscou tratar dos detalhes do acordo, apesar de, em Belgrado, ter sido muito bem recebido por Tito. E o tempo foi passando. Seguidamente apareciam novos entraves administrativos, novas delongas.

Os soviéticos, por um lado, alegavam grande interesse, mas por outro retardavam e entorpeciam qualquer possibilidade de concretização. Em abril, os americanos deixaram o assunto de lado, definitivamente.

A linha de bombardeio foi o segundo problema. Tanto os americanos como os britânicos entendiam que era de extrema urgência estabelecer acordos para evitar que a força aérea russa fosse confundida com a alemã, americana e inglesa. Além disso, acertar uma coordenação no sentido de racionalizar os ataques, isto é, evitando que um mesmo objetivo fosse destruído duas vezes etc. Depois de muitos trâmites, contatos e reuniões, o General John Deane obteve autorização para fixar a linha Constanza-Bucareste-Ploesti-Budapeste como limite provisória entre as forças aéreas vermelhas e anglo-americanas, e, inclusive, conseguiu que um oficial da força aérea soviética e o Estado-Maior do exército vermelho estabelecessem de Moscou uma supervisão de certa elasticidade. Porém, quando a frente avançou, os russos não permitiram que a linha fosse modificada, devendo permanecer impotente em Bucareste. O problema da linha de bombardeio tornou-se mais agudo quando aparelhos P-38 atacaram, por engano, uma coluna de tropas russas, matando um tenente-general do exército vermelho. Os soviéticos reagiram como se tratasse de um ato intencional. Afinal, o General Eaker tomou conta do problema e estabeleceu uma linha de bombardeio baseada diariamente na frente da linha do avanço soviético.

A seu devido tempo informaria missão militar americana em Moscou, a qual, por sua vez, informaria aos russos, com 24 ou 48 horas de antecipação. A missão americana inicialmente se opôs ao plano, porém, depois, aceitou-o, ao perceber que não restava outra alternativa para racionalizar as missões de bombardeio.

O terceiro problema concernente às forças aéreas americanas e soviéticas se relacionava com os esforços realizados, infrutíferos até aquela data, para estabelecer em solo russo três pares de estações de microondas. Dessas instalações poderiam ser emitidos sinais de rádio que chegariam até uma distância de quase 300 km e a conjunção dessas emissões no equipamento instalado no bombardeiro permitiria uma precisão muito maior ao atacar vinte e seis alvos alemães de alta prioridade, relacionados com a indústria petrolífera, a produção de aviões a reação, a fabricação de tanques e o sistema de transporte ferroviário. Enquanto isso, também os britânicos tratavam de estabelecer pequenas estações para seus equipamentos Gee e Gee H. Tanto as unidades inglesas como as americanas requeriam os serviços de um número reduzido de pessoal de suas respectivas nacionalidades, uns 100 homens no caso das estações de microondas. As objeções soviéticas de natureza técnica foram rechaçadas pelos ingleses e americanos por entender que, na realidade, o que os soviéticos não queriam era ter pessoal estrangeiro dentro de suas linhas. Em conseqüência, também esta possibilidade foi abandonada.

Além disso, os russos tampouco quiseram designar certos aeródromos situados atrás das suas linhas como bases de emergência para aviões aliados avariados. Em vez disso, determinaram que qualquer avião avariado aterrissaria onde pudesse nas zonas controladas pelo Soviet. Essa ordem não agradou aos chefes aliados que temiam - como em realidade ocorreu - que esses aviões voltassem a aparecer, mas ostentando a estrela da força aérea soviética.

Outro problema era o trato às tripulações caídas nas zonas ocupadas pelos russos. Este não era um problema provocado por má vontade, mas, possivelmente, por problemas físicos e pela aparente pouca consideração que os russos tinham pelo vida humana em geral.

Finalmente, as forças aéreas aliadas queriam conhecer o resultado dos alvos que atacavam e em Ialta o Marechal Stalin autorizou o Presidente Roosevelt para que grupos de reconhecimento operassem nas zonas ocupadas pelos vermelhos.

Contudo, até quase o final da guerra, os russos, sistematicamente, embargaram esses reconhecimentos.

Alerta no Reno

Na época das campanhas da Europa, para que uma força aérea fosse realmente eficaz devia operar de aeroportos o mais próximo possível da linha de frente. O comando do 9° grupo de engenharia americana construiu ou adaptou 241 aeródromos na França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Alemanha; o rápido avanço dos exércitos nesses países fez com que, muitas vezes, a engenharia tivesse que deixar de lado aeródromos quase prontos para adiantar-se e construir novos, em setores nem sempre adequados. Nessas construções eram utilizadas pranchas de aço perfurado, superpostas, de acordo com a consistência necessária. Além dos 241 aeródromos construídos ou recuperados pelo 9° de engenharia, outras unidades construíram 32 campos na Europa continental e a marinha americana, um.

Para a construção de pistas, foram transportados até o final da guerra um total aproximado de 295.000 toneladas de materiais pré-fabricados. Desse total, 190.000 toneladas eram de pranchas de aço perfurado. Partindo dessas pistas, a aviação aliada se lançava sobre as frentes, assestando duros golpes contra um inimigo cujas possibilidades no ar diminuíam a olhos vistos.

Em fevereiro de 1942 Hitler nomeara o seu arquiteto pessoal, Albert Speer, Ministro de Produção de Armamentos, inaugurando assim o chamado "período Speer" alemão. Durante esse período, a produção foi triplicada, iniciando a fase mais importante em dezembro de 1943 e chegando ao seu ponto máximo em julho de 1944, quando marcou um aumento da ordem de 332%, prometendo subir ainda mais nos meses seguintes. A intenção alemã era produzir armas em quantidade suficiente para continuar lutando contra os Aliados até que os acontecimentos políticos ou fatores tais como as bombas V recuperassem o Reich. Em 1944, a aparição dos aviões a jato, das bombas V-1 e V-2 e de submarinos extremamente velozes juntamente com o aumento da produção, demonstraram como era formidável o esforço alemão. Speer contava neutralizar o peso cada vez maior dos devastadores bombardeios aliados, dispersando as fábricas mais vitais da Alemanha ou montando-as em instalações subterrâneas, e começou, mesmo, a tomar medidas nesse sentido.

O ponto culminante da produção alemã foi alcançado em meados de 1944, justamente na época em que a ofensiva aérea aliada atingia a sua maior intensidade. Setenta e dois por cento de todas as bombas que castigaram a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial caíram depois de 1o de julho de 1944. Nos nove meses seguintes, o comando de bombardeio da RAF e da Força Aérea dos Estados Unidos se dedicaram a destroçar essa economia poderosa, até que a mesma já não pôde apoiar as operações militares nem satisfazer as necessidades básicas da população. Na realidade, a Alemanha esteve economicamente paralisada a partir de abril de 1945. À medida que a luta chegava ao fim, a Luftwaffe desaparecia do céu europeu e os ataques aliados se produziam sem interferências.

Um interessante depoimento sobre a continuidade dos ataques aéreos é a ordem emitida pelo Marechal-de-Campo Model, que dizia:
"A todos os motoristas e passageiros. Aquele que se oculta vive mais tempo!
Cerabinas e disciplina na campanha contra o fustigamento!
Licença especial de 10 dias para quem derrubar fustigadores inimigos! Os aviões anglo-americanos que atacam objetivos terrestres são os modernos ladrões de estradas. Não somente procuram colunas de trânsito, mas estão tratando de caçar todos os caminhões de gasolina e todos os caminhões de munições.
Nossos caças e nosso fogo antiaéreo tiveram um sucesso considerável durante os dias das grandes batalhas invernais. Porém não podem estar em toda parte...
Todo soldado pode e deve unir-se à luta contra os atacantes!
Serão concedidos prêmios especiais aos artilheiros e unidades que tenham êxito. Cada soldado que derrubar um fustigador inimigo com sua arma de infantaria, receberá uma licença especial de 10 dias. As unidades que conseguirem êxito especial com armas de infantaria contra os aviões inimigos que atacarem objetivos terrestres, receberão rações especiais.
Portanto, busque refúgio primeiro... Depois, atire... "


Anexo

Poderio Aéreo Alemão
Caso seja correto um arquivo capturado ao Alto-Comando alemão conhecido como "Auswertung der Einsatzbereitsch der fliegenden Verb vom 1 August 1943 bis November 1944", o poderio aéreo alemão em maio de 1944 era, em média, para todas as frentes:
Perdidos Existentes Em preparo
Caças 2.680 1.729 1.195
Caças noturnos 1.052 644 434
Caças bimotores 385 318 153
Bombardeiros leves 937 869 639
Bombardeiros 1.824 1.259 801


Breve história do "Nickreling"
"O método empregado de início para a distribuição de panfletos consistia em lançar punhados soltos pelas janelas, portas ou compartimentos de bombas, de grande altura. Nas primeiras incursões de lançamento de panfletos, os pilotos dos aparelhos B17 e B-24 os lançavam quando os seus aviões estavam a 130 km de uma cidade, confiantes em que o vento faria o resto. Assim ocorria que parte da propaganda lançada sobre a França caía na Itália. Quando os punhados de panfletos foram colocados em toscas caixas lançadas por uma portinhola especial junto aos suportes das bombas, o aproveitamento foi melhor; mas somente quando o Capitão James Monroe, oficial de armamento do 422o Esquadrão de Bombardeio, inventou a bomba de panfletos é que se contou com uma distribuição satisfatória. A nova bomba, que começou a ser utilizada regularmente na noite de 18/19 de abril de 1944, era um cilindro que, à altura de 300 a 600 metros, ligava um detonador que destruía o recipiente e soltava os panfletos. Cada bomba podia conter uns 80.000 panfletos que se espalhavam sobre uma zona de aproximadamente dois e meio quilômetros quadrados.
Para aumentar a sua eficiência, foram modificados os bombardeiros do Esquadrão Especial de Panfletos a fim de que transportassem doze bombas desse tipo, isto é, mais do que a carga de um bombardeiro comum. No princípio do verão de 1944, para ser usada nos aparelhos médios e nos caça-bombardeiros, converteu-se uma caixa metálica de bengalas em bomba de panfletos.
O Esquadrão Especial de Panfletos deu começo às suas operações na noite de 7/8 de outubro de 1943, com uma missão realizada por quatro aviões sobre Paris. Em fins de dezembro, o esquadrão efetuara um total de 146 saídas e lançara 44.840.000 panfletos, na maioria, sobre a França, Bélgica e Holanda; porém, durante esse período, somente três missões penetraram na Alemanha. Durante o primeiro trimestre de 1944, o Esquadrão Especial de Panfletos dedicou a maior parte dos seus esforços à França, onde Paris, Rouen, Amiens, Reims, Lille, Orléans e Rennes constituíram seus objetivos favoritos.
As sortidas chegaram até pontos situado tão ao sul como Toulouse e ao sudeste até Grenoble. Entre 1o de janeiro e 31 de março de 1944, a Oitava Força Aérea lançou 583 toneladas de material de propaganda. Em abril, o 422o Esquadrão de Bombardeio ampliou consideravelmente o alcance de suas "operações e atacou alvos" na Noruega com a bomba de panfletos. Também aumentou o número de cidades cobertas por elas, até que se tornou comum programarem-se quinze a vinte e cinco alvos para uma missão de cinco aviões. Em maio, o último mês anterior ao Dia D, quatro dos lançadores de panfletos foram atacados por aparelhos inimigos; estes ataques ocasionaram baixas, avariaram um bombardeiro, e se traduziram na destruição de um FW-190 e um Ju-88. Porém, após um período operativo de oito meses, durante o qual realizara 537 saídas efetivas, o Esquadrão Especial de Panfletos não havia perdido nem um só avião.
O 422o Esquadrão de Bombardeio foi, em certo sentido, a ponta-de-lança da invasão da Normandia. De fato, conduzidos pelo comandante do esquadrão, Tenente-Coronel Earle Aber, seus aviões partiram na madrugada de 6 de junho, sem escolta, com a missão de lançar notas de advertência ao povo de 17 cidades e aldeias. Nesse dia, a unidade estabeleceu um novo recorde, pois doze aparelhos B-17 lançaram panfletos sobre trinta e quatro alvos na França, Bélgica e Holanda. As missões, integradas por oito a dez aviões, não foram raras em junho, e por volta do fim desse mês, o esquadrão fixara a marca de 209,6 toneladas. Esse total foi superado em julho, mês em que se perdeu o primeiro avião. A partir de agosto de 1944, uma grande proporção das sortidas da unidade atendeu à finalidade de lançar panfletos de combate sobre as zonas de batalha, e estratégicos, sobre a frente interna alemã.
Em novembro foi intensificada a campanha de disseminação da propaganda ao povo alemão. O 406o Esquadrão de Bombardeio, nova designação do 422o, teve o seu potencial aumentado para vinte e um aviões e vinte e quatro tripulantes, aumento esse que foi possível graças à transferência de sete aviões e seus tripulantes do 492o Grupo de Bombardeio. O resultado foi o aumento para 315,3 toneladas de panfletos arremessados durante o mês, recorde não superado até março e abril de 1945. Dois fatores exerceram uma influência decisiva sobre as atividades propagandísticas de dezembro: o mau tempo e a ofensiva alemã nas Ardenas. O primeiro prejudicou as operações e o segundo fez com que o emprego usual dos panfletos táticos fosse inoportuno. Entre 16 e 27 de dezembro, o 406o Esquadrão não efetuou nenhuma missão de lançamento de panfletos nessa zona, porém, em troca, realizou quatro operações dessa natureza em outras frentes de luta. Mais tarde, quando se deteve a ofensiva alemã, distribuiu 3.250.000 exemplares às forças dispersas do inimigo. Bombardeiros estratégicos da RAF e a Força Aérea americana também lançaram grandes quantidades de panfletos especiais, impressos apressadamente para colaborar no contra-ataque aliado.
Durante os quatro últimos meses da guerra, tanto os bombardeiros comuns, como o Esquadrão Especial de Panfletos, estabeleceram novos recordes no lançamento das folhas de propaganda. A maior marca cabe à Força Aérea americana e foi registrada em março com 654,9 toneladas; em abril, o total foi de 557,3 toneladas. Alvos alemães, franceses, holandeses e belgas foram objeto de constantes visitas. O Coronel Aber encontrou a morte sobre a Inglaterra nas mãos dos próprio fogo antiaéreo, no dia 4 de março de 1945, quando regressava de uma missão na Holanda, encerrando tragicamente uma brilhante carreira como chefe de uma unidade à qual se confiara uma missão difícil e importante na guerra aérea. Apesar dessa perda e da sua transferência de Cheddington para Harlington, o 406o Esquadrão lançou 407,9 toneladas de panfletos em março. Quando suas operações chegaram ao fim, a 9 de maio de 1945, o Esquadrão Especial de Panfletos havia efetuado 2.334 incursões e lançado cerca de 1.758.000 de panfletos. As perdas foram de pouca importância; somente três aviões desaparecidos e dezesseis aviadores mortos".
Wesley Frank Craven e James Cate


"O Problema Moral"
Para o General Spaatz, "castigar o interior da Alemanha" significava intensificar o bombardeio estratégico a objetivos militares ou de produção bélica. Em troca, para muitos outros chefes aliados, principalmente britânicos, significava, nem mais nem menos, que bombardear a Alemanha de forma tão tremenda de modo a obrigá-la a pedir a paz aos gritos. Este foi o critério que se teve para com o Japão, por ocasião dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki. Os britânicos, em particular, tinham um especial interesse em demolir o moral do povo alemão, já que as bombas voadoras estavam destruindo paulatinamente o moral do seu próprio povo. Spaatz se opunha firmemente a esse ponto de vista que, segundo ele, diferia fundamentalmente dos ideais morais americanos. Em mais de uma oportunidade, porém, as pressões foram demasiado fortes. Um sério problema surgiu quando os ingleses propuseram a operação Hellhound destinada a varrer o santuário de Hitler em Berchtesgaden. Os autores do projeto pensavam que, nesse ataque, possivelmente morreriam o Führer e grande parte do seu Estado-Maior, pois o tradicional reduto nacional-socialista alemão ficaria completamente arrasado. Dessa forma, a opinião pública alemã ficaria desgovernada, com um regime praticamente acéfalo, e, talvez, então, pressionassem os líderes eventuais para conseguir um imediato armistício.
Altos oficiais americanos estudaram o plano e Spaatz deu a última palavra, concluindo que "o plano seria muito dispendioso e, provavelmente, aumentaria, em vez de diminuir, o apoio que o povo alemão dispensava a Hitler". Porém, a 5 de julho foi aprovado um projeto sugerido pelos chefes do Estado-Maior britânico, destinado a solapar o moral civil alemão mediante bombardeios que marcaram, época.
Enquanto o plano era elaborado, Spaatz manobrou e conseguiu de Eisenhower uma ratificação da norma da Força Aérea americana, segundo a qual não se afastariam do bombardeio de precisão. Um mês mais tarde, voltaram a ser emitidas instruções a fim de preparar um plano "desmoralizador" que arrasaria a maior área possível de Berlim, numa só missão. Tratava-se da operação "Thunderclap", que suscitou críticas de Spaatz e do Major-General Laurence Kuter, principal oficial de planejamento do General Arnold. Spaatz voltou a ventilar o assunto com Eisenhower, porém sem resultados, pois a 9 de
setembro chegaram ordens para que a Oitava Força Aérea americana se preparasse para pôr em execução o "Thunderclap". O General Doolittle e o Marechal-do-Ar Harris programaram a operação como um assalto diurno combinado que estaria a cargo de todos os bombardeiros pesados americanos e britânicos disponíveis. Contudo, a tensão produzida pela planificação dessa operação foi superada, pois, afinal, Harris não pôde enviar os seus aparelhos para participar da missão, já que não dispunha de caças de escolta suficientes, absorvidos pela batalha da França.
Além disso, a Divisão de Guerra Psicológica das Forças Aéreas americanas denunciou "Thunderclap" como ação terrorista, e, numa reunião da Junta de Chefes de Estado-Maior americana, tanto Arnold como o Almirante William D. Leahi expressaram sua oposição ao bombardeio desmoralizante. Contudo, ao final de algum tempo, os partidários da "desmoralização" fizeram prevalecer a sua opinião e milhares de civis inocentes morreram em meio a rios de petróleo fervente ou asfixiados pela fumaça nos refúgios antiaéreos, sem contar, evidentemente, as vítimas das explosões propriamente ditas.


"Dunn"
O Major Bruce Dunn era um homem tranqüilo. Alguns, jocosamente, o apelidavam "o silencioso". Ele era o comandante do 51o Esquadrão de Transporte de Tropas e, praticamente, a única força de transporte perto da fronteira iugoslava. Corriam os primeiros meses de 1945 e as tropas alemãs batiam em retirada em todas as frentes. Em uma das rotas dessa grande retirada, 2.000 refugiados corriam o risco de serem exterminados pelas tropas alemães. Os homens de Tito solicitaram auxílio para que os refugiados fossem evacuados com urgência. Começou então a operação "Dunn", pois o 51o Esquadrão de Transporte de Tropas era a única unidade destacada em Brindisi.
O esquadrão transferiu-se para uma base provisória no aeródromo de Zemonico e a 25 de março iniciou a missão de evacuação entre as duas bases. As operações continuaram até o dia 26 e, em dois dias os doze aparelhos C-47 de Dunn resgataram 2.041 pessoas e entregaram mais de 118 toneladas de abastecimentos.
A operação "Dunn" encerrou um período de doze meses, no decorrer dos quais foram resgatados de 11.000 refugiados, feridos e guerrilheiras iugoslavos.


As perdas alemães na Grande Semana
Publicamos um extrato de um relatório elaborado pela seção histórica do Ministério do Ar da Grã-Bretanha, baseado em dados do Alto-Comando alemão, depois de finalizada a Segunda Guerra Mundial.
"As perdas em combate no oeste (incluindo o Reich) desde a invasão da Rússia em junho de 1941, verificadas pela seção histórica do Alto-Comando alemão, indicam a perda total de 2.581 aviões de caça até janeiro de 1944 e a destruição de 309 mais durante o decorrer desse mês.
Em fevereiro desse ano, as perdas se elevaram a 456 e, dessa quantidade, somente 65 eram caças noturnos, o tipo que enfrentava, principalmente, os ataques da RAF. Além disso, os dados correspondentes ao início de março indicam, em comparação com as últimas anotações de fevereiro, uma discrepância de 97 perdas adicionais na categoria de caças monomotores e, portanto, o total correspondente a fevereiro pode se elevar a 533 aviões. No mês de março, o total subiu a 567 aparelhos, dos quais 94 eram caças noturnos. Um registro encadernado, autenticado com uma marca de segurança, indicando que eram anotações para informação do Alto-Comando apenas, apresenta as perdas totais de aviões, a partir de janeiro de 1944, com intervalos de mais ou menos 10 dias, da seguinte maneira:
10 de janeiro de 1944: 355 - 20 de janeiro de 1944: 355 - 31 de janeiro de 1944: 661 - 10 de fevereiro de 1944: 508 - 20 de fevereiro de 1944: 388 - 28 de fevereiro de 1944: 545 - 10 de março de 1944: 514 - 20 de março de 1944: 552 - 31 de março de 1944: 777
A mesma fonte informa que em fevereiro de 1944, além das mortes do pessoal de vôo, 341 foram dados como desaparecidos, e 277 resultaram feridos. Os estudos preliminares do Ministério do Ar britânico baseados nos registros alemães dão para todas as frentes os seguintes totais aproximados:
Aviões destruídos Perdas por várias causas
Janeiro 1944 1.050 1.311
Fevereiro 1944 1.051 2.121
Março 1944 1.591 2.115

As perdas na frente russa ascenderam, respectivamente, a 168, 466 e 431 aparelhos. Seria difícil conciliar todas essas cifras e nem sempre é possível determinar a base exata que serviu para informar as estatísticas originais, porém são coerentes no seu testemunho de um aumento brusco, registrado no desgaste causado em fevereiro de 1944 e com resultados ainda mais desastrosos no mês seguinte.
Uma confirmação decisiva dessa conclusão foi a abrupta mudança na estratégia alemã depois de fevereiro. Embora ainda fosse capaz de apresentar, em certas ocasiões, a mais obstinada resistência local, o inimigo abandonou a tática de empenhar-se em grande escala para se opor à campanha de bombardeio diurno. A partir de então oporia uma resistência, relativamente débil, apenas a certas missões, e depois concentraria seus efetivos, como nos meses anteriores, contra uma operação em particular. Em outras ocasiões tentariam conseguir superioridade apenas local enviando quantidades esmagadoras de aparelhos contra uma unidade, principalmente sobre uma que se tivesse desgarrado de alguma maneira de suas companheiras ou que ficasse sem uma escolta adequada.
Resumindo, a política adotada foi de conservação de forças, o que constituiu para os Aliados o ponto vital da superioridade aérea".


Qualidade
Um dos pontos fracos de toda a situação aérea alemã era a qualidade dos seus pilotos. Embora nos primeiros meses de 1944 a produção de caças tenha aumentado, as tripulações de reserva não possuíam a experiência necessária. O problema existia porque os primeiros cálculos foram demasiado otimistas, e somente em 1943 o Alto-Comando alemão descobriu que tinha necessidade de uma afluência muito maior de pilotos. Então pressionou as escolas para que acelerassem os seus programas. Porém o adestramento de pilotos requeria gasolina de aviação. E a Alemanha não possuía reservas suficientes para permitir que as escolas fossem pródigas no consumo de gasolina. Na realidade, as escolas parecem ter encontrado dificuldade até em executar um programa mínimo. Por essa razão tiveram que optar entre duas possibilidades: contentar-se com a escassez de tripulações existentes, ou diminuir as horas de adestramento, de modo que as cotas de combustível fossem suficientes para produzir os pilotos necessários. Escolheram a segunda possibilidade, e o resultado é que os pilotos chegavam à frente de combate cada vez menos treinados. Diante dos pilotos americanos e britânicos, que não tinham problemas de combustível e que, portanto, recebiam um treinamento adequado, estes novos pilotos combatiam com desvantagem. E afinal, na primavera de 1944, em março para sermos mais exatos, a deteriorização da qualidade dos pilotos tornou-se evidente. Antes dessa data, a Luftwaffe nunca deixara de estar em condições de manter um número suficiente de pilotos experientes na sua primeira linha de defesa, para enfrentar os atacantes aliados em igualdade de condições e proporcionar-lhes, em muitos casos, tremendas derrotas.


As atribulações do Marechal Tito
"Os aviões de reconhecimento alemães..." murmurou um guerrilheiro. Na verdade, não era nenhuma novidade; diariamente cumpriam sua cota de patrulhamento sobre as áreas onde os homens da resistência iugoslava mantinham suas guaridas. Porém, o marechal não gostou da situação. Já corria o mês de maio e os alemães estavam lançando a assim chamada "sétima ofensiva"; além disso os vôos eram demasiado freqüentes. No dia 24 de maio a atividade desenvolvida pelo inimigo se transformara numa feroz investida que se aproximava perigosamente do QG de Tito. Como primeira medida, o marechal decidiu transferir sua residência das cercanias de Drvar, para as montanhas.
Trataram de fazer a mudança o mais rapidamente possível, porém na madrugada de 25 de maio, as vanguardas alemães estavam pisando nos seus calcanhares. Os grupos de resistência repeliam o ataque o melhor que podiam, enquanto o restante das forças ganhava penosamente as encostas. Tito solicitou ajuda urgente à Força Aérea aliada, e, pouco depois, caças e bombardeiros castigaram duramente os navios, as concentrações, os depósitos e meios de transporte do inimigo.
Isso não bastava; era necessário evacuar o marechal e seus refugiados nas montanhas de Prekaja. Preparou-se uma pista de emergência no Vale de Kupresko e, às 22 horas de 3 de junho, um transporte russo procedente de Bari resgatou Tito e seu grupo e os transportou para a Itália. Nessa mesma noite, três aparelhos C-47 americanos resgataram outras setenta e quatro pessoas. Este grupo continuou as operações até a noite de 5 para 6 de junho; o último avião C-47, carregado com patriotas feridos, decolou justamente algumas horas antes que os alemães capturassem o campo.
A ofensiva de Dvrar não alcançou o seu objetivo e o grosso do combate passou então para Montenegro. Nas duras refregas de julho e agosto, os guerrilheiros sofreram muitas baixas. Finalmente, foram reunidos cerca de 900 feridos em Brezna, quinze quilômetros ao norte de Niksic. Os guerrilheiros limparam os campos para fazer uma pista de aterrissagem de emergência. Na manhã de 22 de agosto, aparelhos Dakota da RAF, com escolta, retiraram 219 dos feridos mais graves. Depois chegaram vinte e quatro aparelhos C-47 americanos que, depois de descarregar abastecimentos de emergência, resgataram 705 feridos e 16 aviadores aliados. Além disso, outro avião soviético resgatou 138 guerrilheiros na noite de 22 para 23 de agosto. Graças a esta operação de salvamento, o comandante iugoslavo, com seus feridos a salvo e reabastecido de armas e alimentos, pôde deter a ofensiva e recuperar, inclusive, parte do terreno perdido.


Caças
Esta tabela, elaborada logo depois do término da guerra pelo Comando da Força Aérea americana, estabelece cifras comparativas entre as quantidades de caças monomotores entregues às suas respectivas forças aéreas pelas fábricas alemães e americanas, durante 1944. Na produção alemã é estabelecida uma diferença entre os aparelhos novos e os recuperados. (Os alemães consideravam um avião perdido quando suas avarias chegavam a 60%, e o classificavam como avariado quando os seus danos ficavam entre 10 e 60%)

Estados Unidos Alemanha
Novos Recuperados
Janeiro 1.315 1.162 237
Fevereiro 1.016 794 320
Março 1.377 934 373
Abril 1.696 1.016 456
Maio 1.907 1.380 384
Junho 2.177 1.704 596
Julho 2.627 1.875 671
Agosto 2.779 1.798 676
Setembro 3.031
Outubro 2.735
Novembro 2.776
Dezembro 2.424

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