Bismarck (couraçado)
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Bismarck | |
O Bismark deixando Hamburgo, 15 de setembro 1940. |
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Carreira | |
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Estaleiro | Blohm + Voss |
Batimento de quilha | 1 de julho de 1936 |
Lançamento | 14 de fevereiro de 1939 |
Comissionamento | 24 de agosto de 1940 |
Patrono | Otto von Bismarck |
Estado | Afundou no Atlântico Norte, causa incerta. |
Fatalidade | 27 de maio de 1941 |
Características gerais | |
Tipo de navio | Couraçado |
Classe | Bismarck |
Deslocamento | 41 700 t (padrão) 50 300 t (carregado) |
Comprimento | 251 m |
Boca | 36 m |
Calado | 9,3 m[nota 1] |
Propulsão | 12 caldeiras Wagner 3 turbinas a vapor 3 hélices de três lâminas |
Velocidade | 30.01 nós (55.58 km/h) |
Autonomia | 16 430 km à 19 nós (35 km/h) |
Blindagem | Cinturão de 320 mm Torreta de 360 mm |
Armamento | 8 canhões SK C/34 de 380 mm 12 canhões SK C/28 de 150 mm 16 FlaK 38 anti-aérea de 105 mm 16 SK C/30 anti-aérea de 370 mm 12 Flak 30 anti-aérea de 20 mm |
Aeronaves | 4 hidroaviões Arado Ar 196 |
Tripulação | 2 200 |
Durante sua carreira de oito meses sob o comando de seu único capitão, Ernst Lindemann, o Bismarck participou de apenas uma operação ofensiva, a Operação Rheinübung em maio de 1941. O navio, junto com o cruzador pesado Prinz Eugen, deveria seguir para o Atlântico Norte e atacar navios mercantes aliados que se dirigiam para a Grã-Bretanha. Os dois navios foram detectados várias vezes perto da Escandinávia, e unidades navais britânicas foram enviadas para bloqueá-los. Na Batalha do Estreito da Dinamarca, o Bismarck enfrentou e destruiu o HMS Hood, o grande orgulho da Marinha Real Britânica, e forçou a retirada do HMS Prince of Wales. Entretanto, o próprio Bismarck foi atingido três vezes e sofreu uma grande ruptura em seu tanque de combústivel.
A destruição do Hood iniciou uma perseguição implacável pela Marinha Real, que envolveu dúzias de navios. Dois dias depois, enquanto navegava para um porto na França Ocupada, o Bismarck foi atacado por aviões torpedeiros Fairey Swordfish que decolaram do porta-aviões HMS Ark Royal; um dos torpedos deixou a engrenagem do leme inoperável. Na manhã seguinte, o Bismarck foi destruído por navios britânicos. A causa de seu naufrágio é incerta: alguns na Marinha Real afirmam que os torpedos disparados do HMS Dorsetshire foram fatais, enquanto que os sobreviventes alemães discutem que seus próprios oficiais afundaram o navio. Em junho de 1989, Robert Ballard descobriu os destroços. Várias outras expedições pesquisaram os restos do Bismarck para documentar sua condição e determinar a verdadeira causa de seu naufrágio.
Índice |
Construção e características
O Bismarck foi encomendado com o nome de Ersatz Hannover, um substituto do pré-couraçado SMS Hannover.[1] O contrato de construção foi vencido pelo estaleiro Blohm + Voss em Hamburgo, com sua quilha sendo batida em 1 de julho de 1936.[2] O navio foi lançado em 14 de fevereiro de 1939; durante a elaborada cerimônia, a embarcação foi batizada pela tataraneta do Chanceler Otto von Bismarck. A aparelhagem se iniciou logo após o lançamento, e sua proa original foi substituída por uma similar a da classe Scharnhorst.[3] O Bismarck foi comissionado na frota para testes marítimos, realizados no Mar Báltico, no dia 24 de agosto de 1940.[4] O Kapitän zur See (Capitão de Mar e Guerra) Ernst Lindemann assumiu o comando do navio.[5]O Bismarck tinha um deslocamento padrão de 41 700 t e um deslocamento carregado de 50 300 t, com 251 m de comprimento, uma boca de 36 m e calado de 9,9 m.[1] Ele era o maior navio de guerra da Alemanha,[6] e tinha um deslocamento maior que qualquer outro navio europeu, com a exceção do HMS Vanguard.[7] Sua propulsão consistia em três turbinas a vapor Blohm + Voss e doze caldeiras Wagner, que geravam no total 111 980 kW de potência e ajudavam o navio a chegar a 30.01 nós (55.58 km/h). Sua autonomia era de 8 870 milhas náuticas (16 430 km) à 19 nós (35 km/h).[1] O Bismarck era equipado com três radares FuMO 23, instalados nos telêmetros da proa e popa e no topo do navio.[8]
Sua tripulação era composta por 103 oficiais e 1 962 marinheiros.[4] A tripulação era dividida em doze divisões de 180 a 220 homens. As primeiras seis divisões cuidavam dos armamentos do navio; divisões um a quatro para as baterias primárias e secundárias, e divisões cinco e seis para a defesa antiaérea. A sétima divisão era formada por especialistas, incluindo cozinheiros e carpinteiros, e a oitava divisão cuidavo do manejo das munições. Os operadores de rádio, sinaleiros e contramestres formavam a nona divisão. As três últimas divisões eram compostas pelo pessoal da sala das máquinas. Quando o Bismarck deixou o porto de Hamburgo, oficiais da frota e correspondentes de guerra aumentaram sua tripulação total para 2 200 homens.[9] A tripulação publicava um jornal chamado Die Schiffsglocke (O Sino do Navio).[10]
O Bismarck era armado com oito canhões SK C/34 de 380 mm instalados em quatro torres de artilharia: duas dianterias – Anton e Bruno – e duas traseiras – Caesar e Dora.[nota 2] Seu armamento secundário consistia em doze canhões SK C/28 de 150 mm, dezesseis metralhadoras FlaK 38 de 105 mm, dezesseis SK C/30 de 370 mm e doze Flak 30 de 20 mm anti-aéreas.[4] A blindagem do navio tinha 320 mm de expessura e era coberta por convéses blindados de 50 mm até 120 mm de expessura. Os canhões de 380 mm era protegidos por uma blindagem que ia de 220 mm até 360 mm.[1]
História
Em 15 de setembro de 1940, três semanas após seu comissionamento, o Bismarck deixou Hamburgo para começar seus testes marítimos na Baía de Kiel.[12] O Sperrbrecher 13, um barco auxiliar, escoltou o navio até o Cabo Arkona em 28 de setembro, e depois até Gdynia para testes na Baía de Gdańsk. Foram testadas sua usina de energia, sua estabilidade e manobrabilidade; durante o teste da última descobriu-se uma falha em seu projeto. Enquanto tentava virar o navio apenas alterando a rotação das hélices, a tripulação descobriu que o Bismarck ficava no curso com grande dificuldade. Mesmo com as hélices exteriores funcionando com potência total em rotações opostas, a embarcação virava muito pouco.[13] Os canhões e baterias principais do Bismarck foram testadas pela primeira vez no final de novembro, demonstrando-se que ele era uma plataforma de tiro bem estável.[14] Os testes duraram até dezembro. O Bismarck então voltou para Hamburgo, chegando no dia 9 de dezembro, para pequenas alterações e finalização de sua equipagem.[12]O navio deveria voltar para Kiel em 24 de janeiro de 1941, porém um navio mercante havia afundado no Canal de Kiel e estava impedindo a passagem. Condições climáticas adversas atrasaram a remoção dos destroços, e o Bismarck voltou a Kiel apenas em março.[12] O atrasou frustrou Lindemann, que afirmou que o "[Bismarck] está ancorado em Hamburgo há cinco semanas ... o precioso tempo perdido não pode ser compensado, e é inevitável um atraso significativo na implatanção final do navio na guerra".[15] Durante a espera, o Bismarck recebeu o Capitão Anders Forshell, um diplomata da marinha sueca em Berlim. Ele voltou para a Suécia com um registro detalhado do navio, que subsequentemente chegou nas mãos do Reino Unido. A informação deu a Marinha Real Britânica uma descrição total da embarcação, apesar de não possuir algumas informações importantes como sua velocidade total, alcance e deslocamento.[16]
Em 6 de março, o Bismarck recebeu ordem para se dirigir a Kiel. No caminho, ele foi escoltado por vários caças Messerschmitt Bf 109 e dois navios mercantes armados, além de um quebra-gelo. Às 8h45min do dia 8 de março, o Bismarck encalhou na margem sul do Canal de Kiel, mas foi solto em menos de uma hora. Ele chegou em seu destino no dia seguinte, e sua tripulação estocou munições, comida e outros suprimentos. Também foi aplicada uma camuflagem em seu casco. Bombardeiros britânicos atacaram o porto sem sucesso em 12 de março.[17] No dia 17 de março, o SMS Schlesien, agora um quebra-gelo, escoltou o Bismarck pelo gelo até Gdynia.[18]
O Alto Comando Naval (Oberkommando der Marine, ou OKM), comandado pela Almirante Erich Raeder, tinha a intenção de continuar com a tática de usar navios pesados, como couraçados, contra embarcações mercantes aliadas no Oceano Atlântico. Os dois navios da classe Scharnhorst estavam na época baseados em Brest, França, tendo recentemente completado a Operação Berlim. O Tirpitz, o navio irmão do Bismarck, estava quase pronto. Ambos deveriam se encontrar com os dois navios da classe Scharnhorst no Atlântico para uma operação prevista para 25 de abril de 1941, quando o período de lua nova deixaria as condições mais favoráveis.[19]
Os trabalhos no Tirpitz atrasaram, e ele não ficou pronto até 25 de fevereiro; o navio ficaria apto para combate apenas no ano seguinte. Para complicar a situação, o Gneisenau foi torpedeado em Brest enquanto estava na doca seca, e o Scharnhorst precisava de uma revisão em suas caldeiras; durante a revisão, os trabalhadores descobriram que as caldeiras estavam em um estado muito pior do que o imaginado e o navio também não estaria disponível para a operação.[20] Ataques britânicos em depósitos de suprimentos de Kiel atrasaram os reparos do Admiral Scheer e Admiral Hipper, e eles ficariam prontos para combate apenas em agosto.[21] O Almirante Günther Lütjens, o oficial escolido para liderar a operação, queria adiar as ações até que o Scharnhorst ou o Tirpitz estivessem disponíveis,[22] porém a OKM decidiu seguir em frente com uma força formada apenas pelo Bismarck e o cruzador pesado Prinz Eugen.[20]
Operação Rheinübung
Em 5 de maio, Adolf Hitler e Wilhelm Keitel, juntos com uma grande comitiva, chegaram em Gdynia para visitar o Bismarck e o Tirpitz. Eles fizeram um extenso passeio pelos navios; em seguida, Hitler e Lütjens se reuniram em particular para discutir a missão.[23] Em 16 de maio, Lütjens informou que o Bismarck e o Prinz Eugen estavam totalmente prontos para a Operação Rheinübung, e ele recebeu ordens para iniciar a missão em 19 de maio.[24] Como parte dos planos originais, um grupo formado por dezoito embarcações de suprimentos seria posicionado para apoiar o Bismarck e o Prinz Eugen.[25]No início da operação, a tripulação do Bismarck tinha aumentado para 2 221 homens, entre eles a equipe do almirante, 65 pessoas, e 80 marinheiros que poderiam ser usados para comandar algum navio capturado. Às 2h00min de 19 de maio, o Bismarck saiu de Gdynia e seguiu para os estreitos dinamarqueses. Às 11h25min ele encontrou com o Prinz Eugen, que havia partido de Cabo Arkona na noite anterior.[26] Os dois navios foram escoltados por três contratorpedeiros – o Hans Lody, Friedrich Eckoldt e Z23 – juntos com uma flotilha de caça-minas.[27] A Luftwaffe deu apoio aéreo durante a viajem por águas alemãs.[28] Por volta do meio-dia de 20 de maio, Lindemann informou a tripulação sobre a missão. Quase no mesmo momento, um grupo de dez ou doze aviões de reconhecimento suecos encontraram a força tarefa alemã e transmitiram sua posição e compositção. Os alemães não os viram.[29]
Notas
Referências
- ↑ a b c d e Gröner 1990, p. 33
- ↑ Campbell 1987, p. 43
- ↑ Williamson 2003, pp. 21–22.
- ↑ a b c Gröner 1990, p. 35
- ↑ Williamson 2003, p. 22
- ↑ Garzke & Dulin 1985, p. 203
- ↑ Gardiner & Chesneau 1980, pp. 16, 224
- ↑ Williamson 2003, p. 43
- ↑ von Müllenheim-Rechberg 1980, pp. 29–30
- ↑ Grützner 2010, p. 166
- ↑ Campbell 1985, p. 219
- ↑ a b c Garzke & Dulin 1985, p. 210
- ↑ von Müllenheim-Rechberg 1980, p. 39
- ↑ von Müllenheim-Rechberg 1980, pp. 44–45
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, p. 39
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, pp. 39–40
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, p. 40
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, p. 41
- ↑ Garzke & Dulin 1985, pp. 210–211
- ↑ a b Garzke & Dulin 1985, p. 211
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, p. 43
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, pp. 44–45
- ↑ von Müllenheim-Rechberg 1980, p. 71
- ↑ von Müllenheim-Rechberg 1980, p. 74
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, pp. 55–56
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, p. 63
- ↑ von Müllenheim-Rechberg 1980, p. 76
- ↑ Garzke & Dulin 1985, p.214
- ↑ Bercuson & Herwig 2003, p. 64
Bibliografia
- Bercuson, David J.; Herwig, Holger H.. The Destruction of the Bismarck. Nova Iorque: Overlook Press, 2003. ISBN 1-58567-397-8
- Campbell, John. Naval Weapons of World War II. Londres: Conway Maritime Press, 1985. ISBN 978-0-87021-459-2
- Campbell, John. In: Sturton, Ian. Conway's All the World's Battleships: 1906 to the Present. Londres: Conway Maritime Press, 1987. Capítulo: Germany 1906–1922, ISBN 978-0-85177-448-0
- Gardiner, Robert; Chesneau, Roger. Conway's All the World's Fighting Ships, 1922–1946. Annapolis: Naval Institute Press, 1980. ISBN 978-0-87021-913-9
- Garzke, William H.; Dulin, Robert O.. Battleships: Axis and Neutral Battleships in World War II. Annapolis: Naval Institute Press, 1985. ISBN 978-0-87021-101-0
- Gröner, Erich. German Warships: 1815–1945. Annapolis: Naval Institute Press, 1990. ISBN 978-0-87021-790-6
- Grützner, Jens. Kapitän zur See Ernst Lindemann: Der Bismarck-Kommandant – Eine Biographie. Zweibrücken: VDM Heinz Nickel, 2010. ISBN 978-3-86619-047-4
- von Müllenheim-Rechberg, Burkard. Battleship Bismarck: A Survivor's Story. Annapolis: Naval Institute Press, 1980. ISBN 0-87021-096-3
- Williamson, Gordon. German Battleships 1939–45. Oxford: Osprey Publishing, 2003. ISBN 978-1-84176-498-6
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