Veículos da Segunda Guerra – Carro Blindado M-8 Greyhound da Força Expedicionária Brasileira
Em virtude do Brasil se posicionar ao lado dos aliados, em 1942, estes versáteis blindados começaram a chegar ao país, a partir de 1943, através do acordo Leand Lease, muito embora ele não seja o primeiro 6×6 a operar no Exército Brasileiro, pois o primeiro foi seu antecessor o T-17 Deerhound, em quantidade inferior a duas dezenas, ele se tornou um dos veículos mais importantes dentro do conceito sobre rodas que viria a ser adotado no final dos anos 60 e início dos 70, na concepção de um 6×6 genuinamente brasileiro, quando partindo deste modelo se concebeu o Cascavel, mas isto é outra história.
Com a criação do Corpo Expedicionário, conhecido como Força Expedicionária Brasileira (FEB), a qual combateu no teatro de operações da Itália, nos anos de 1944 e 1945, foram criadas diversas unidades e uma delas foi 1º Esquadrão de Reconhecimento.
O Brasil foi o único país da América do Sul, a enviar tropas para lutar nos campos da Europa.
Em fins de 1943 foi criada a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª D.I.E.), composta por 25.334 homens e diversas unidades de Infantaria, Artilharia, Engenharia, Saúde, Elementos de tropa especial (Companhia do Quartel General da 1ª D.I.E., Manutenção, Intendência, Transmissões, Polícia e Banda de Música) e Cavalaria, composta de um Esquadrão de Reconhecimento, organizado a partir do 2º Regimento Moto-Mecanizado da Vila Militar, no Rio de Janeiro, onde tinha a denominação de 3º Esquadrão de Reconhecimento e Descoberta.
A primeira e única unidade a operá-los em guerra, foi o 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado da Força Expedicionária Brasileira em 1944, onde 13 (treze) destes veículos representaram a Cavalaria de Osório, muito embora existissem 15, sendo que dois estavam indisponíveis, um deles fora atingido na traseira por um tiro de bazuca alemã, comprometendo-o seriamente, mas a tripulação nada sofreu. Treinamento de abandono de um M-8 em chamas realizado pela FEB na Itália. Pelo menos uma situação real como esta eles tiveram. (Museu Cap. Pitaluga – Valença – RJ)
Eram armados com um canhão de 37mm e duas metralhadoras .30, sua blindagem variava de 0,8 a 1,5cm de espessura, guarnição de 4 homens, não muito confortável e confiáveis. Medeiam 5,0m de comprimento, 2,54m de largura e 2,25m de altura, com peso total de 7,8 toneladas, impulsionado por um motor a gasolina Hércules JXD, 6 cilindros, 110hp, velocidade máxima de 90km/h, autonomia de 565km, com capacidade de 261 litros de combustível.
As particularidades do uso de veículos militares pela FEB são enormes, primeiro por não existir um padronização quanto à colocação de emblemas, matrículas, distintivos e nomes e uma boa literatura que cubra bem este período, embora seguissem o manual norte americano.
Em razão disto se faz necessário recorrer a fotos e entrevistas de antigos integrantes da unidade, bem como a arquivos importantes, como o do Museu Capitão Pitaluga no 1º Esq.Cav.Mec., em Valença, Arquivo Histórico do Exército, no Rio de Janeiro e outros de particulares, no sentido de obter o máximo de informações.
Vale salientar que o próprio emblema criado para os veículos brasileiros, na Itália, nada mais é do que o derivado do emblema norte-americano, ou seja o círculo branco tendo em seu interior uma grande estrela de cinco pontas, que no caso brasileiro, esta foi removida e no seu lugar foi inserido o Cruzeiro do Sul.
O emblema adotado no território brasileiro, nos anos da guerra, não tinha nada a ver com o usado pela FEB, pois no Brasil usava-se dentro de um círculo prateado uma estrela grande de cinco pontas colorida, com as cores de nossa bandeira, e as matrículas dos veículos eram em azul e a cor era o verde oliva americano padrão, pois com a chegada de equipamento novos, estes só passariam a receber pintura no país muitos anos depois, muito embora aqui já existisse um verde oliva próprio.
Uma particularidade interessante é que a matrícula dos veículos usados pela FEB era a americana, não existindo uma brasileira, e no caso dos M-8 as matrículas eram as seguintes:
U.S.A 6037498 - chassi 5274
U.S.A 6040812 - chassi 7909
U.S.A 6038186 - chassi 5944
U.S.A 6037154 - chassi 4930
U.S.A 6038516 - chassi 6298
U.S.A 6035334 - chassi 3110
U.S.A 6033240 - chassi 1016
U.S.A 6033208 - chassi 0984
U.S.A 6038296 - chassi 5072
U.S.A 6040811 - chassi 7908
U.S.A 6036650 - chassi 4326
U.S.A 6037280 - chassi 5056
U.S.A 6012577 - chassi 9751
U.S.A 6036894 - chassi 4670
U.S.A 6038242 - chassi 6018
Na maior parte dos M-8 estas matrículas foram apagadas com uma camada de tinta aplicada sobre elas, mas na documentação do carro elas permaneceram, pois é possível vermos na parte lateral do carro logo à frente da torre marcas onde estas existiam, já em outros tipos de veículos é possível ver nitidamente esta matrícula.
Alguns chegaram a receber nomes dados pela sua tripulação e pintados na lateral do carros, no casco, no meio do espaço da torre como:
- VIRA MUNDO
- LEÃO DO NORTE
- PÉROLA
- ANDRADE NEVES
- VIVA BRASIL
Poucos receberam o emblema primitivo do Esquadrão, um elmo sobre uma roda com pneu, símbolo da moto mecanização, sobre as lanças cruzadas com bandeirolas, da cavalaria, pintando em branco na lateral do veículo próximo ao paralama dianteiro, que na maioria das vezes era retirado pois atrapalhava o seu desempenho no terreno lamacento, e dificultava a colocação de correntes no pneu para proporcionar uma melhor aderência ao solo.
Expedito Carlos Stephani Bastos
Fabricante: Ford – Estados Unidos da América
Tripulação: 4
Comprimento: 5
Largura: 2.54M
Altura: 2.25M
Peso vazio: 7200Kg.
Peso preparado para combate: 7940Kg.
Sistema de tracção: Seis rodas motrizes
Motor: Hercules JXD 6cyl
Potência: 110 cv
Velocidade máxima: : 89 Km/h
Velocidade em terreno irregular: 30 Km/h
Autonomia máxima: 563Km
Pesquisador de Assuntos Militares da Universidade Federal de Juiz de Fora
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